Temperatura agradável, itens perfeitos para me enfurnar no ateliê, após o sinal verde (liberado com mérito) do cirurgião que reformou meu esqueleto do ombro esquerdo, em dezembro de 2020, após paralisia de quase dois anos, somando os protocolos da pandemia.
Primeiro ato: ligo o equipamento pneumático, ferramenta fundamental para meu procedimento pictórico e constato que não funciona corretamente.
Então, ligo para a empresa de manutenção. Um estranho atende a chamada e me informa que a empresa “quebrou” na pandemia.
Tento saber o destino do proprietário e dos técnicos que me atendiam. Gentilmente ele diz que sequer o conhece. Firmou o contrato de locação com uma imobiliária.
Hoje, no imóvel, funciona um açougue.
Agradeci e, para não perder o ânimo com um segundo problema, fui à geladeira pegar gelo para me deliciar com um gin tônica a fim de manter alto astral na busca de técnicos do ramo no Google.
O hightec puxador de aço do bem de consumo saiu na minha mão. “Quebrou”. Ora, não desanime! Disse a mim mesmo.
Desenho contemporâneo tem que ser, antes de tudo, bonito. Geladeira de aço é bonita e pode parecer resistente, mas isso é só um detalhe sem importância.
Me consolei ao ver que dava para abrir a porta e atingir meu objetivo.
Segundo ato: de posse da última garrafa de Tanqueray e entretido em devaneios, só reparei que Don Juan ‘o gato’, estava estatelado no trajeto até o copo com gelo.
Quando o vi já era tarde demais.
Garrafa pra um lado ‘quebrada’ no chão e gato em disparada para o outro lado.
17:40 de um lindo dia.Tudo ‘quebrado’, mas tudo vai bem!