19 de maio de 2024
Cinema

The Chosen. Se não agora, quando?

No ano de 1999 eu lecionava na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Era uma classe de Ensino Médio, creio, e o tema era civilizações do antigo oriente. Mais especificamente, os hebreus. Eu era um professorzinho levemente esquerdista e vagamente ateu, e deitava falação sobre a religião dos judeus. Lá pelas tantas, saí-me com algo mais ou menos assim:

– o que, para mim, é um mistério completo, não é apenas os hebreus terem sua fé baseada em um único D‘us, mesmo cercados por povos politeístas por todos os lados. Mas o fato de essa fé ter, não apenas sobrevivido, mas prosperado – e se tornado a pedra fundamental do mundo em que vivemos.

Acabei de falar e tive uma sensação esquisita. Até hoje, mais de 20 anos depois, lembro o estranhamento diante de minhas próprias palavras. Ainda meio atordoado, dispensei a turma, apesar de faltarem alguns minutos para a saída. Hoje chego à conclusão que aquele momento específico talvez tenha marcado, ainda que eu não soubesse na época, e permanecesse sem saber por alguns anos, o meu retorno à fé cristã.

Pensei em tudo isso ao concluir a terceira temporada de The Chosen. Mas pensei principalmente em minhas próprias palavras, durante aquela aula específica, no verão escaldante da Baixada carioca.

Já falei sobre a série, ao menos em dois textos anteriores. E eu continuo me surpreendendo com o frescor de histórias tão conhecidas e datadas de 2.000 anos atrás, e sorrindo um sorriso bobo diante da suavidade e beleza das cenas, e me emocionando com as imagens, a música, os atores – o Cristo. O Cristo que ri.

Eu não sei qual missão eu estava cumprindo naquele momento, há 20 anos , ao falar sobre o mistério da sobrevivência e expansão de uma fé, como não sei qual missão estou cumprindo agora, ao pôr mais uma vez minha modesta pena a serviço de The Chosen.

A única coisa que sei é que me sinto, ao assistir, como se estivesse LÁ, em alma, corpo e (c)oração. Como se fosse quase uma pequena porção de solo sagrado.

Assistam. Por favor, assistam. E contem para todo mundo.

Se não agora, quando?

Se não nós, quem?

O Boletim

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *