Ao visitar Verona pela primeira vez pensei em como William Shakespeare tinha sido brilhante ao escolher a cidade como pano de fundo para uma de suas mais famosas obras: Romeu e Julieta. A primeira publicação da peça é de 1597 e, àquela altura, Verona já tinha uma tremenda bagagem de vida: provavelmente fundada pelos celtas, passou a ser uma colônia romana, e, nesse período, experimentou grande crescimento econômico. É do período romano a construção da famosa arena.
Verona chegou à Idade Média como uma cidade próspera e desenvolvida. E assim continuou, com as mais importantes famílias locais disputando o poder, assim como aconteceu em diversas outras cidades italianas. Vale lembrar de Florença, por exemplo, com os Médici.
E nesse contexto surgiu a história do casal de namorados, impedidos por famílias rivais de continuarem juntos. Isso todos sabem, mas é interessante notar que a história é tão presente no nosso imaginário, que parece real e viva. Muitas palmas para Shakespeare e para os cineastas que transformaram a saga de Romeu e Julieta em dois filmes distintos e muito bons.
Dito isso, minha primeira imagem de Verona é do balcão da casa de Julieta, vazio. Acho justo!
Verona está localizada na região do Vêneto, no norte da Itália, com cerca de 260 mil habitantes. Está bem próxima de Sirmione, no sul do lindo lago de Garda, o que faz um ótimo combinado a ser visitado.
PRINCIPAIS ATRATIVOS:
1 – Piazza Brà
É a praça da Arena de Verona. Um dos acessos mais interessantes à praça é pelo Portão Brà, mencionado pela primeira vez em 1257. A arena está situada no meio da praça e o entorno dela é cheio de restaurantes e cafés.
A arena foi edificada como palco de lutas entre gladiadores. Hoje o anfiteatro, que está muito bem preservado, é palco de grandes eventos como óperas, concertos e dança. Os ingressos para os eventos precisam ser comprados com antecedência porque são muito procurados.
2 – Piazza delle Erbe
A Piazza delle Erbe, Praça das Ervas, é um dos lugares mais bonitos de Verona. Bonito e muito cheio de vida, já que parece que toda a cidade converge para lá.
No passado distante, a praça abrigava o fórum romano, o que significa que era o centro do poder político e econômico da cidade. Era onde as coisas aconteciam e parece que essa vocação permanece.
A praça tem forma oval bem alongada. Numa parte considerável da praça, há um amplo mercado de rua, que oferece desde legumes e frutas até roupas, artesanato e artigos para casa. Aliás, o nome Praça das Ervas não é por acaso e não é recente!
As construções no entorno da Piazza delle Erbe são muito impactantes: há duas torres, sendo que a Torre dei Lamberti é a mais importante, e também palacetes góticos e renascentistas, estátuas, fonte, e acima de tudo, muita gente circulando. É o coração pulsante do centro histórico de Verona.
Chama a atenção, dentre as diversas construções, a Casa Mazzanti, com sua fachada coberta de afrescos. Ela é do século XIV. Há vários restaurantes no entorno da praça, como era de se esperar.
Uma dica: é possível subir ao topo da Torre dei Lamberti de elevador. Lá de cima a vista é muito linda.
3 – Tumbas Scaliger (Arche Scaligere):
É um conjunto de cinco tumbas funerárias góticas da família Scaligeri, que governou Verona do século XIII ao final do século XIV. O conjunto é um dos melhores exemplares da arte gótica europeia.
4 – Casa de Julieta
Uma das visitas mais esperadas é a Casa da Julieta, que fica próxima da Piazza dele Erbe. Ao acessar o corredor que leva ao pátio interno onde está a Casa da Julieta, a gente já sabe que terá que disputar espaço para bons ângulos de fotos. As paredes desse corredor, aliás, são cobertas por cartões, bilhetes e até adesivos onde os casais apaixonados escrevem seus nomes, com a crença de que o amor deles se perpetuará.
A casa de estilo gótico, do século XIV, é hoje um museu e tem uma sacada de pedra, que provavelmente inspirou Shakespeare, como a sacada onde Julieta esperava por Romeu. A gente prefere acreditar que ela realmente existiu. No pátio externo, bem próximo da sacada, há uma estátua de bronze da Julieta.
5 – O rio Ádige e o Castel San Pietro
É fundamental chegar até a beira do rio Ádige, rio que nasce no nordeste da Itália, passa pelas montanhas Dolomitas e segue descendo até Verona para depois desembocar no Mar Adriático. Suas águas são claras e limpas. Do outro lado do rio está Castel San Pietro, no topo de uma colina, facilmente identificável por ser a única colina bem próxima do rio na região do centro histórico.
O Castel San Pietro é o lugar de onde se descortina a melhor vista de Verona e também o melhor pôr do sol. O castelo é, na realidade, um edifício militar construído no século XIX, num ponto estratégico para controle do rio Ádige, assim como para controle da cidade, por estar numa colina. O acesso ao castelo pode ser feito de funicular, o que é bem mais confortável do que subir a pé.
6 – Basílica de Santa Anasácia
Bem próximo à margem do rio Ádige encontra-se a Basílica de Santa Anastácia, que começou a ser construída no século XIII mas só foi consagrada no século XV. É a maior igreja da cidade.
Enquanto suas fachadas são bem austeras, seu interior tem rica decoração de afrescos, estátuas e obras de arte de grande valor. Paga-se para entrar, mas com certeza vale a pena.
7 – Simplesmente flanar pelas ruas do centro histórico
Depois da visita aos principais atrativos, recomendo caminhar sem rumo pelo centro histórico. Com certeza haverá boas surpresas e ainda melhores lembranças.
Na próxima semana recomeço minhas viagens internacionais com grupos, o que não fazia desde o início da pandemia. Serão duas semanas entre os Países Baixos e Paris.
Não haverá coluna nesse período mas o leitor poderá me acompanhar pelo instagram: @monicasayaoviagens.
Até a volta!
“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”