Desde que começou a investigar, prender e condenar, a Lava-Jato tem sido alvo de tentativas de estancamento
Operação Lava-Jato (Vagner Rosário/VEJA)
Por boa ou má-fé, muitos têm, mais uma vez, se dedicado a teorias conspiratórias que desembocariam em um acordão para salvar poderosos da cadeia. E que envolveriam o Congresso Nacional, a Presidência da República e a Suprema Corte. As tramas existem, mas, pelo que se viu até aqui, estão fadadas ao insucesso.
Assim foi no mensalão, em que a maioria apostou na pizza e não em mais de duas dezenas de condenados, entre eles o até então todo poderoso José Dirceu – o “capitão do time” de Lula, ex-presidente preso em Curitiba por corrupção e lavagem de dinheiro.
Desde que começou a investigar, prender e condenar, a Lava-Jato tem sido alvo de tentativas de estancamento, mas nada originário da mancomunação entre excelências dos três poderes.
E as invencionices que prometiam abalar a operação não auferiram êxito. Ao contrário. Em quatro anos, a Lava-Jato colocou na cadeia os maiores empreiteiros do país, dezenas de políticos e até um ex-presidente da República. No total, 188 condenações impostas a 123 réus.
Isso aponta no sentido inverso aos que enxergam acordos espúrios em todas as esquinas.
Houve e ainda devem surgir outros movimentos anti-Lava-Jato. A Câmara e o Senado produziram vários: projeto de lei para punir abusos de juízes, promotores e policiais, proibição de acordos de delação premiada e da execução provisória da sentença, entre outros. Nenhum vingou.
Há poucos dias, falava-se em uma armação em que o STF aceitaria o habeas corpus pró-Lula, golpeando a Lava-Jato. Deu o avesso. Depois, que soltariam Antonio Palocci, trancafiado há 18 meses em regime provisório. O resultado também foi o oposto. E com ele, ainda que não se aplique efeito vinculante, aferiu-se a posição majoritária da Corte em favor das prisões provisórias, algo indigesto para réus em geral e conspiradores de qualquer matiz.
Agora, anunciam o aliciamento do ministro Alexandre de Moraes, favorável à prisão para condenados em 2ª instância, que seria substituído por alguém contrário à tese. A ele, que já foi ministro da Justiça, seria ofertado outro ministério. Ora, por qual motivo Moraes toparia tal insanidade? Foi nomeado há 14 meses, tem apenas 49 anos e vitaliciedade.
Berrar, reclamar, tentar escapulir faz parte do jogo. Condenados, réus e investigados não vão se cansar de buscar fórmulas para escapar das grades. Afinal, não há boi que vá manso para o abatedouro. Mas até eles sabem que um acordão bate em uma muralha quase impossível de se transpor.
Sob o peso da opinião pública, o espaço para urdiduras feitas às escondidas se tornou restritíssimo. E a bandidagem trazida à luz pela Lava-Jato é tamanha que não há consenso nem entre os malfeitores, base para qualquer plano em comum. Mérito adicional das delações, que alimentam ódio entre os criminosos.
De resto, ainda que seja obrigatório estar atento às investidas contra a operação, o caminho sem volta já foi feito.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
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