28 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Os bastidores do conflito europeu

Imagem: Google Imagens – Grupo Mìdia

Quando se dá uma passada de olhos pela história das guerras muitas pontas ficam soltas e nem tudo se sabe.

Em outro plano, há uma guerra de bastidores sendo travada na Europa que enfileiram pares de um e outro lado. E nesse quesito, a inteligência dos países envolvidos e observadores “não oficiais” entram em cena para elucidar os pontos obscuros do conflito.

Desde a ocupação da Crimeia pela Rússia em 2014, esses especialistas de campo infiltrados – e sempre há — vêm fazendo revelações sobre a atual guerra na Ucrânia.

Segundo eles, têm havido ataques com bandeira falsa pelo lado russo contra os ucranianos por parte do grupo de mercenários do grupo Wagner (Grupa Vagnera).

Os integrantes, até onde se sabe, seriam os responsáveis pelos crimes de guerra praticados contra civis ucranianos nas cercanias de Kiev.

Como a atuação de grupos mercenários é contrária à constituição russa, o Kremlin nega. Até porque pesa sobre o grupo também a acusação da morte de cerca de 100 soldados russos, em fevereiro deste ano, na fronteira entre o Iraque e a Síria, contra forças curdas, a serviço de Bashar-al-Assad. Os Estados Unidos retaliaram com ataque aéreo.

Vladimir Putin não admite essa versão, pois em tese, seria fogo amigo, mas oficialmente não é.

Embora, a atuação desse exército profissional privado tenha sido relevante na Crimeia e também no acirramento dos conflitos em Donetsk e Luhansk, regiões do leste ucraniano que reivindicam a separação do país de Volodymir Zelensky, a Rússia não pode reconhecê-los perante o mundo.

Então fica a dúvida. Mas as inteligências americana, alemã e britânica afirmam que por trás dos mercenários estaria o oligarca russo Yevgeny Prigozhin, conhecido como “o chef de Putin”, que está na lista dos sancionados da Otan.

Ele faria a “costura” entre o grupo Wagner e o Kremlin, segundo o ocidente, pois foi visto na Síria antes dos ataques deste ano.

Pelo sim e pelo não, não se pode atribuir à Putin as ações irregulares desses mercenários. São contrainformações, do tipo das que povoam as lendas reais e imaginárias das guerras.

O grupo Wagner teria surgido oficialmente durante a guerra da Crimeia em 2014 e, a partir de então, tem sido contratado não apenas pelo ditador sírio Bashar-al-Assad, mas pelos governos da República Centro Africana, do Sudão e do Mali, para proteger jazidas de ouro e diamantes.

No norte da África, especialmente na Líbia, país em convulsão social desde a Primavera Árabe, os mercenários atuam no contra-ataque às forças do Estado Islâmico. Eles seriam responsáveis pela implantação de minas terrestres ao redor de Trípoli e responsáveis pela morte de civis.

O comandante e possível idealizador do grupo Wagner seria o tenente coronel Dmitry Utkin, ex-oficial da brigada das forças especiais da inteligência militar do Kremlin, na guerra da Chechênia.

De acordo com os especialistas, vulgo espiões da Otan, essas forças mercenárias já somam 5.000 membros e são recrutadas abertamente na Rússia. Os ganhos dos integrantes chegam a 3.800 libras por mês.

É óbvio que Putin sabe de tudo isso, inclusive do possível envolvimento do oligarca nisso, se não for mera teoria da conspiração.

Mas o russo não vai admitir, como os Estados Unidos também negam os ataques de grupos de militares não oficiais na guerra do Iraque e a França junto aos seus conhecidos mercenários plantados na África há décadas.

Isso significa que a verdade pode ser “relativa” em muitos aspectos quando há disputas por poder. Isso só o tempo dirá.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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