9 de maio de 2024
Colunistas Ligia Cruz

A Constituição desprezada

Agora sim, o céu e o inferno estão juntinhos na suprema corte. O mais terrível evangélico e o mais legítimo comunista passam a dividir o mesmo espaço pelo poder das leis.

Só que não dá para saber se Jesus Cristo se prestaria ao papel de debater com Lênin num réquiem de catraias decrépitas. Sendo ele aquele que derruba as bancas de negociatas do templo, teria muito trabalho na casa das leis e do povo. Acabaria tudo em escombros e sobrariam bem poucos para figurar no seu apostolado de homens probos e inoxidáveis.

Do outro lado, Lenin – o herói de Flávio Dino –, por sua vez, codinome de Vladimir Ulianov, nunca passou fome de fato, como o povo russo durante a monarquia czarista de Nicolau II. E nem como passam hoje os maranhenses, após o governo do ex-ministro da justiça.

Naquele extremo do nosso mapa, brasileiros são desprezados pelos governantes ao longo de décadas. Ali reina muita cultura, mas a miséria impera e a soberba do estado subtrai a dignidade de todos eles.

Diferente de Jesus, humilde e despojado da ganância de seu tempo, Lenin era ateu e bem nascido numa família de classe média alta. Formou-se advogado e se interessou por políticas socialistas revolucionárias, após a execução de seu irmão, pelo regime. Esse foi o pavio de rastilho que deu início à sua vida política e pavimentou o caminho para a revolução bolchevique que liderou, juntamente com seus pares, em 1917. Como consequência ocorreu o exílio e chacina da família imperial Romanov, como uma vingança desejada pela plebe. Será?

A visão anti-imperialista de Lenin deu base aos fundamentos marxistas, apropriados a bom termo, desde que ele fosse o dono e senhor da coisa toda. E foi. Durante sete anos Lenin tornou-se o chefe do politiburo, implantou a Rússia Soviética e depois da União Soviética. Pouco depois da Primeira Guerra morreu, mas a tempo de alimentar as crenças dos apoiadores de ditaduras do proletariado, desde que eles, os mandantes, fossem podres de ricos – como o PT e seu séquito da ala revolucionária marxista-leninista, maoísta, etc o são. O novo ministro constitucionalista é mais um deles e deve começar com a encomenda de restringir direitos dos divergentes, dando trégua aos demais membros do clube, apoiando sua retaguarda gorda na capa da Constituição. Até porque ela não tem servido para nada.

O que veio após a morte de Lenin, todos sabemos: a expansão do bloco fechado de países comunistas, sob a liderança da União Soviética. Nunca houve uma paz risonha nos países convertidos. Aqueles que se rebelaram conheceram a espada de Stálin e dos demais até hoje sob Vladimir Putin.
Mas Jesus perdoou seus filhos errantes, talvez até o faria com o papa comunista de fachada, serviçal do comando progressista mundial.

Por aqui, país de maioria cristã, a conjuntura é outra.

O partido da situação especializou-se em trapaças, perverteu toda a ordem, eliminando todos os direitos e princípios democráticos daqueles que acreditaram no PT e suas premissas de fachada. O preço foi alto demais.

Já somos da China e do Irã. É isso que o mandante da pátria tem feito: vender-nos, entregar-nos a outros. Bem feito para nós que somos bananas maduras sob sol intenso. Tem saída? Tem. O imponderável existe.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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