Há 7 anos cinco gatinhos foram encontrados no fundo de uma toca num bosque. A mãe e os filhotes foram levados para a organização que acolhe os animais. Não há animais de rua por aqui e todos tem que ser registrados e paga-se imposto anual para manter animal doméstico. E o imposto serve para checar as condições dos mesmos e manter órgãos que cuidam disso.
Dois dias depois, algumas crianças ouviram miados no mesmo bosque e uma equipe de resgate achou no fundo daquela tal toca, mas no fundo do fundo, outros dois gatinhos.
Recebi um telefonema da instituição que cuida dos animais perguntando se eu poderia hospedar um dos filhotes por uma semana.
Era um feriado havia poucos funcionários. Como eu havia adotado um gatinho anteriormente e me acharam em casa no feriado lá fui eu. Os dois filhotes tinham muito medo. Mas mostravam as garras e os dentinhos afiados.
Gatos do mato… Mesmo! Trouxe pra casa um deles.
Um casal de estudantes levou o outro.
A semana inteira o filhote ficou em cima de um armário. Descia à noite para comer e usar a caixa de areia.
Na noite anterior à devolução, o gatinho desceu do armário e depois veio se deitar ao meu lado. Ao acordar e levantar no outro dia, pulou no meu ombro no melhor estilo papagaio de pirata.
Claro que não foi devolvido. Colocou chip e ficou com duas tatuagens nas orelhas por ser um animal que pertence à comunidade, gato do mato. Eu sou responsável, mas não é meu.
E… naquele dia, ao voltar pra casa, depois de tudo resolvido, ele ganhou um coelho de presente.
Desde então, todos os dias, o coelho recebe atenção e carinho. São amigos inseparáveis.
Aliás, somos amigos inseparáveis: eu , o coelho e “Flecki”, o gato do mato.
Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.