3 de maio de 2024
Colunistas Junia Turra

A relatividade das coisas…

19 de abril? Todo dia era Dia de Índio.

Aí chegou uma turma trocando tudo por espelho e uns badulaques.

Uns e outros tentaram aportar pelas mesmas bandas.

Não se deram muito bem.

Mas alguns deles… franceses e holandeses, deram um jeitinho de ficar lá pelo Nordeste, se espelhando nos outros.

Depois chegaram outros, da África, vendidos e comprados.

Chegaram escravos.

Até que foram feitos livres.

Vieram mais tempos depois, da Europa, do Oriente Médio e da Ásia…

Todos querendo um espelho para recuperar a imagem destruída pela guerra, pela miséria. Recomeçar a vida…

Era um povo só em muitas raças e cores e crenças, sob a cultura judaico cristã. Povo feliz, multicultural.

Sem peste, sem fome e sem guerra.

Mas devem ter enterrado uma cabeça de burro em algum lugar, diria o pessoal da roça…

Apareceram uns investidores e afastaram o poder do povo. Criaram Brasília, acabaram com trens, construíram estradas e pedágios e divisões entre uns e outros.

A propaganda ganhou anunciante vendendo outra imagem no espelho.

Não era a baiana, o gaúcho, a praia carioca, os negócios ou a noite paulistana, as cidades históricas, a boa comida e o café das Minas Gerais, o Carnaval de Olinda, as festas tradicionais do Pará, o Padim Padre Cícero do Ceará, e a Amazônia intacta onde se marcava encontro antes ou depois da chuva na região da grande floresta tropical.

E começou tudo de novo…

Mas o espelho era enfeitiçado…

Espelho, espelho meu: Existe alguém mais rico do que eu?

E assim começaram as negociatas, a vender a alma ao diabo, a enganar e trapacear. Aumentar a miséria para ganhar em cima. E pisar em todos pra ficar por cima.

E os índios que restaram viraram peças figurativas para o discurso dos que querem o controle “sustentável” de toda a humanidade.

No “Dia do Índio”, 19 de Abril, cá estamos nós, indiada, correndo um sério risco de perder nossa terra e a nossa própria identidade neste país de todas as tribos.

Que todos os dias sejam nossos, plenos de liberdade.

Que a tribo dos grandes impostores que nos representam e se dividem em vários “lados”, trocando farpas, mas todos em nome da pequena tribo de grandes investidores, termine como há alguns séculos, no extremo sul do Brasil…

Mas que agora, vençam os índios… nós somos os índios!!!

Guerra de Guaranitica – 1753-1756 – sec. XVIII – ocorreu entre espanhóis e portugueses contra os indígenas no sul do Brasil quando os jesuítas entregaram a eles as missões para que resistissem.

Os Índios lutaram pela terra deles, cultura deles, o povo deles…

Do outro lado , os invasores, espanhóis e portugueses se uniram.

Os índios foram dizimados na batalha de Caiboaté. E perderam tudo , ao longo dos séculos.

Hoje, nada têm, aculturados, meros objetos de outras tribos.

Foto 1 – Memorial da Epopéia Riograndense – Sepé Tiaraju / Memorial da Epopéia Riograndense / Guerra Guaranítica – Batalha de Caiboaté – século XVIII
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Caiboat%C3%A9

foto 2 – Todos os povos das Américas – nós somos os índios junto aos poucos índios sobreviventes

Junia Turra

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

Jornalista internacional, diretora de TV, atualmente atuando no exterior.

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