27 de abril de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

Saudades dos cisnes do Itamaraty

O antigo Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro, símbolo da história da atuação e cooperação internacional do Brasil, em prol da paz mundial, atualmente é um Museu.

Os belos cisnes brancos que embelezavam o lago do Palácio sumiram. Deixaram saudades.

Testemunharam a trajetória diplomática no Império, que se iniciou com a aproximação estratégica com os Estados Unidos, sem perda do intercâmbio comercial com a Europa.

A diplomacia brasileira se consagrou com o reconhecimento da notável atuação pacificadora no pós-guerra de 1945 e mereceu um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em 1961, as relações diplomáticas assumiram uma postura “Independente” com o objetivo primordial de ampliar a sua participação política e econômica no cenário mundial.

Com a transferência do centro diplomático brasileiro para o monumental Palácio dos Arcos, em Brasília, as relações exteriores atravessaram os anos 1970-1985 e o liberalismo, sem desvios o seu pragmatismo independente, até janeiro de 2023, com a imposição de uma liderança intervencionista e seletiva nas relações internacionais, comandada por um ex-chanceler, investido com a credencial de “Assessor especial” da autoridade máxima do país.

Doutrinou o Mandatário, um ex-atrás-das-grades, de que o Brasil com sua 7ª posição na economia mundial e com a sua efetiva liderança no grupo de “cooperação econômica dos países emergentes” (BRICS) assumira um status de primazia na comunidade internacional, capaz de enfretar o pro-Israel do Ocidente na guerra do Mar Mediterrâneo.

O Chefão, na ânsia de se tornar um líder mundial, não se conteve e desabafou o desastroso improviso: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

A irresponsável declaração gerou uma crise interna com 155 assinaturas de impeachment e o repúdio internacional do posicionamento do Brasil no conflito israelo-palestino de 2023.

O Ministro das Relações Exteriores de Israel condenou a comparação de que “Israel criou um Holocausto, em Gaza”, como um “grave ataque antissemita, que profana a memória dos que foram mortos no Holocausto”.

Nada é surreal nessa virada ideológica da política externa: o influente “assessor informal” prefaciou um livro, em outubro de 2023, em que “expressou otimismo em relação ao grupo Hamas, que pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos”.

O repúdio popular se fez presente na gigantesca manifestação de mais de 1 milhão de brasileiros nas ruas de São Paulo, no dia 25 de fevereiro, contra o caos nacional e a política externa, que envergonha a todos, até os cisnes brancos do antigo Palácio do Itamaraty.

Que Deus proteja o Brasil dos usurpadores do destino de ordem e progresso do país.

Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

1 Comentário

  • Jorge Woobson 4 de março de 2024

    Mais uma notável crônica, mais uma inequívoca mensagem acerca dessa triste realidade do país e da qual testemunhamos.
    Assusta à todos, a facilidade com que esse incompetente governo, expõe de forma lamentável o nosso país.Israel sempre foi um grande aliado, principalmente no campo da tecnologia médica e bélica, mas a estupidez de um mandatário despreparado, criou essa caótica situação. Parabéns meu querido amigo , pela excelente publicação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *