24 de abril de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

O hediondo crime praticado na era do Coronavírus

A Lei nº 8.072/90 define os crimes considerados de gravidade extrema, geralmente, os praticados com requintes de crueldade e que provocam uma grande indignação social.
O ministro Bruno Dantas do TCU, que aprovou as contas de 2019 do Presidente Bolsonaro, deu o seu recado: “Aprender com as lições do passado e cumprir as obrigações do presente”.
Nenhum país do mundo superou o Brasil na arte da corrupção, favorecida por leis ineficazes e recentemente pelo fim da prisão em 2ª instância.
Durante 16 anos o país teve a maior escola de alta corrupção do mundo, comandada por um ex-presidente, condenado em todas as instâncias, solto pelo Supremo e impune.
É inacreditável ver como a mais cruel corrupção vem sendo praticada por governadores e prefeitos, que se aproveitam da devastadora pandemia para fraudar licitações sanitárias de emergência.
A Polícia Federal desfechou várias operações para investigar as 3,3 mil denúncias de fraudes milionárias de materiais e de respiradores pulmonares em 12 estados e no Distrito Federal, justificadas com a dispensa de licitação pela calamidade pública do coronavírus.
A operação “Para Bellum” da PF, traduzida como “preparar-se para a guerra”, já atingiu 14 alvos. Já foi provado que o valor total da maioria das compras superfaturadas foi pago antecipadamente. Além de fraudulentas, as entregas ou foram feitas com grande atraso ou não corresponderam às especificações e foram devolvidas por “uso inservível”.
O atual governo do Rio de Janeiro sofreu buscas e apreensões no Palácio das Laranjeiras (sede do Governador) e na sede do Executivo. No caso do RJ, vale lembrar “as lições do passado” de 5 Governadores presos: suspeita-se que os fraudadores da saúde deram um prejuízo de quase R$ 700 milhões aos cofres do estado nos últimos 8 anos.
No Pará, houve buscas na casa do Governador, na sede do Executivo e nas Secretarias de Saúde, Fazenda e Casa Civil.
Na Bahia, os desvios de recursos para os hospitais somaram R$ 48,7 milhões. Três envolvidos foram presos e depois soltos.
Em Roraima, admitiu-se “falhas” nas aquisições. Num total de R$ 6,4 milhões para compra de respiradores, os primeiros custaram R$ 44 mil e os demais R$ 220 mil.
No Maranhão, importou-se 107 respiradores da China. A Receita Federal considerou ilegal.
No Amazonas, pagou-se R$ 2,9 milhões a uma loja de vinhos por 28 ventiladores “inoperantes”. O valor unitário foi 4 vezes o das concorrentes e o do exterior.
E assim por diante, o devastador vírus da corrupção se proliferou na gestão da saúde pública…
Quantas mortes poderiam ter sido evitadas e quantos infectados teriam sido salvos se não existissem tantas fraudes na saúde ou se as compras tivessem chegado a tempo e hora.
Cadê Suas Excelências do STF e do Congresso, tão indignadas com os palavrões das reuniões ministeriais e tão tolerantes com as fraudes da saúde pública? Cadê o funesto “Consórcio” da mídia, tão obcecado em quantificar as mortes da pandemia e tão omisso sobre a criminosa corrupção no aumento da letalidade da Convid-19?
Cadê as vociferantes entidades dos direitos humanos?
É hora de condenar, com penas máximas, os fraudadores das licitações na saúde pública e puni-los pela prática do “crime hediondo”, inafiançável e de gravidade extrema.
A principal vítima da corrupção ainda é a sofrida população e a democracia.
Que Deus proteja o Brasil dos hediondos corruptos!

Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

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