Deixou saudades e obras importantes, como a Linha 1 do metro com suas 5 estações.
A partir de 1998, o dilúvio da corrupção encharcou o Palácio Guanabara, sede do governo. Devastou reputações: 5 governadores eleitos foram presos e um pode estar a caminho…
Otelo de Shakespeare dizia que a reputação “é um “apêndice ocioso e enganador”.
O ex-governador Sergio Cabral levou ao pé da letra o dito e responde a 31 processos penais. Já foi condenado a 293 anos de prisão em 14 deles. Confessou na 7ª Vara Criminal Federal ter recebido propina e comparou nostalgicamente o dinheiro e o poder a um “vício”.
O atual Governador, o ex-juiz Wilson Witzel, já foi afastado do cargo, por 180 dias, pelo Superior Tribunal de Justiça, por suspeitas de irregularidades na rede de saúde.
Na eleição a Governador enganou a todos com seu discurso moralista e bolsonarista.
Na pandemia, pessoas morrem nos hospitais lotados, enquanto o Ministério Público Federal (MPF) investiga o desvio de recursos públicos para o escritório de advocacia da 1ª dama Witzel. Teria recebido R$ 554,2 mil de membros de uma organização criminosa da saúde.
A Assembleia Legislativa do RJ (ALERJ) já abriu o processo de impeachment de Witzel.
A comissão especial elabora um relatório, a ser votado no próximo dia 17 e depois será submetido ao plenário.
A população do Estado do RJ não tem do que se orgulhar da indecorosa ALERJ.
O petista André Ceciliano chegou à atual presidência da Câmara Estadual, em fevereiro de 2018, após a prisão por corrupção do seu ex-presidente, Jorge Picciani.
A mesa diretora da ALERJ decidiu dar posse a 5 deputados presos, em 2018, por suspeita de corrupção na Operação Furna da Onça. Libertos, assumiram os seus mandatos.
Atualmente, 28 parlamentares são investigados por peculato e lavagem de dinheiro no tradicional esquema da “rachadinha”, em que assessores devolvem parte do salário ao político que o nomeou. Entre os suspeitos, está o presidente da ALERJ, cujos sigilos fiscal e bancário já foram quebrados pela Justiça. O Ministério Público detectou movimentações atípicas de R$ 49 milhões nas contas de 4 pessoas vinculadas a seu gabinete.
De quem é a culpa do esquema de corrupção que assaltou o RJ?
A resposta insultuosa e maldosa é dizer que a culpa é do eleitor, que escolhe mal.
As eleições no Estado do Rio de Janeiro, pós 1987, são um jogo de cartas marcadas.
O processo eleitoral é dominado por oligarquias partidárias que monitoram as eleições viciadas e se acostumaram a vencê-las antes da abertura das urnas.
Candidatos de ficha suja são aceitos e se dificulta ao máximo nas convenções que pessoas dignas com um passado limpo e aptas a um cargo eletivo se candidatem.
Os mais populares candidatos dos currais eleitorais são previamente escolhidos e são prestigiados por uma maciça propaganda eleitoral nessa farsa democrática, que a Ministra Rose Weber do Superior Tribunal Eleitoral (STE) jura que “assegura a higidez do processo eleitoral”, ou seja, a sua perene “saúde”.
Resta ao eleitor do RJ votar no menos ruim e dizer Amém.
Que Deus proteja a população do Estado do Rio de Janeiro contra o dilúvio da corrupção.
Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.
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