29 de abril de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

Benditos sejam os animais de estimação

Bonjour, foi o meu primeiro cachorro, um Coker de linhagem belga.

Seu nome foi inspirado em um guardanapo de um café em Paris em sintonia com o seu esfuziante despertar matutino.

A maravilhosa relação de trocas de afeto e de convivência diária durou 13 anos.

Que saudades!

Nunca esqueci o seu olhar de adeus, ao se despedir para sempre…

Nos primeiros dias da Covid, em fevereiro de 2020, minha mulher, Solange, me presenteou com um belo Coker, semelhante ao que eu tinha.

Estou muito agradecido pelo abençoado presente, que chegou em boa hora.

Encanta-me acariciar o peludo manto preto com rajadas brancas, vendo o rabinho branco abanando.

Dei o nome de Marcel Proust, pela admiração à monumental obra: “Em busca do tempo perdido”, como por ser apropriado no resgate de tempos de aprisionamento no lar com risco de vida nas ruas.

Criou-se uma solidariedade de muito amor e de mágica afetividade no convívio sempre inseparável.

Só nos distanciamos à noite, quando dorme na cozinha, sempre em companhia do meu velho chinelo.

Não há dádiva dos céus mais sublime do que a fidelidade de um cão afetuoso e comparsa na rotina, ajudando a superar os momentos angustiantes e confiante na volta da plena normalidade existencial.

Aprendi com Proust nos passeios matinais a me entreter com as amizades na pracinha arborizada do metrô, em frente ao meu prédio, sempre povoada de gente boa e de cães com suas lambidas contagiantes da alegria de viver.

Rendo-me à sedução da meiguice do seu olhar luminoso e à saltitante felicidade de saber o quanto é amado.

Agradeço todos os dias a presença de Proust na minha vida, ainda mais quando se aconchega nos meus pés à espera da silenciosa chegada da inspiração para os meus escritos.

Não sabe que estou escrevendo comovido e agradecido por estarmos juntos no sorriso dos dias de sol e na penumbra dos dias tempestuosos, que podem nos atormentar num futuro incerto.

Não imagino como seria viver sem a sua esfuziante devoção, ao abrir a porta do elevador na chegada em casa e ser festivamente acolhido pelo Coker azul ruão, estando juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza.

Que Deus proteja os fiéis guardiões na longa caminhada do destino, a bem da fraternidade humana…

Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

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