Domingo de manifestações. Até o momento, tudo transcorreu na calma. Sem violência. Isto em Brasília, Belo Horizonte e no Rio. A de São Paulo, no Largo do Batata, é a tarde. Espero que seja tranquila também.
Preocupa-me apenas a questão sanitária, superada a possibilidade de uso da manifestações pela extrema direita no governo.
Uma entidade americana, Health Metrics and Evaluation, faz previsões sombrias para o Brasil.
Segundo eles, o número de mortes diárias pode alcançar cinco mil e no final de agosto poderemos ter 165 mil mortos.
Previsões não são a realidade. É preciso ainda tentar reverter essa tendência. O Ministério da Saúde, infelizmente, ao invés de lutar contra o vírus, decidiu lutar contra os números.
Os militares já censuraram uma epidemia de meningite, durante a ditadura. Mas só generais muito incapazes repetem a mesma guerra, em circunstâncias diferentes.
No momento temos liberdade de imprensa, redes sociais. A tentativa de censurar os dados acabou atraindo mais audiência para eles.
A madrugada foi animada com o vídeo do Olavo de Carvalho rompendo com o governo. O guru de Bolsonaro parecia furioso.
No entanto, ao examinar bem o vídeo, observa-se que ele estava apenas pedindo ajuda financeira para fazer frente aos processos que sofre, ajuda jurídica , uma equipe de advogados, e uma ajuda de secretárias que possam investigar na internet tudo o que dizem sobre ele.
Olavo aos 73 anos tem catarata e se diz pouco familiarizado com o mundo da internet, coincidentemente o mesmo mundo que deu a ele alguma evidência.
São brigas entre aliados. Tudo indica que serão superadas. Mas o nível é sempre muito pedagógico.
Ele ficou bravo com Luciano Hang, o velho da Havan e disse que ele se vestia como Zé Carioca. Hang comprou um avião caríssimo e não ajudou Olavo com algum dinheiro.
Assim como aquela reunião do ministério, quando ficou clara a posição de Bolsonaro, o desabafo de Olavo de Carvalho ajuda também a compreender melhor o que pensam governo e seus inspiradores.
Enquanto isso, o comércio de munições para as armas, liberadas por Bolsonaro, dobrou. Indivíduos já compram mais armas que as instituições de defesa, diz a matéria do Globo.
Polícia, bombeiros e todas as outras forças compraram 1.396 mil cartuchos, indivíduos compraram 1.541.780.
A crise entre os ideólogos do bolsonarismo não é muito importante. O grave é a gestação de uma guerra civil para quem tem na força bruta seu grande argumento.
Fonte: Blog do Gabeira