

Hoje, o sol voltou. Espero que seus raios não mantenham distância do sol de amanhã e reapareçam na mesma hora e no mesmo lugar no domingo.
Uma das sensações mais comuns à saída de um segundo ministro da saúde em pouco tempo foi a desolação: o que será de nós?
Acho que temos de superar essa passividade. O que será de nós, de certa forma, dependerá muito de nós mesmos.
A pandemia está avançando sobretudo em alguns pontos do país. O Rio é um deles, São Luís outro. Mandetta disse que o epicentro se deslocou de Manaus para Belém.
Fui chamado a comentar na tevê o número de mortos na sexta, um recorde: 824 num só dia. Acontece que não deveríamos nos fixar apenas nos números. Precisamos estabelecer um centro de inteligência para elaborar esses números e os fornecer alguma indicação para agir.
Sou favorável à ideia de que é preciso um pouco mais de ação, além é claro de receber e tratar os pacientes que chegam aos hospitais.
Mas para não perder energia e tirar o mínimo de eficácia dessa ação é preciso ter dados, muito dados e capacidade de processá-los com inteligência.
Quando ouvimos que um bairro está sendo muito afetado, como Copacabana, por exemplo, a notícia acaba aí. Em alguns lugares, o máximo que se faz é criar uma barreira para evitar a circulação de carros.
As autoridades parecem não saber o que fazer, exceto cercar. No caso de Copacabana, por exemplo, sei que um terço dos 143 mil habitantes são idosos. Sei que muitos vivem sós, dependem de guardadores.
O bairro sempre foi perigoso não só por causa de pequenos assaltos. Andar em Copacabana para um idoso pode ser uma armadilha pois o calçamento nem sempre ajuda.
Não tenho um plano para enfrentar isso. Mas não creio apenas na passividade e na contagem de mortos e contaminados.
Seria preciso talvez testar os guardadores que vão e bem. Seria preciso ter uma lista de idosos que vivem sós e inclusive iniciar um trabalho psicológico ainda que seja por telefone ou internet, onde existir esta possibilidade.
Um comitê de crise poderia processar dados disponíveis e fazer um plano de ação. Os cientistas que ajudam os governos no Nordeste têm um lema que é o ir atrás do vírus, ao invés apenas receber suas vítimas.
Por mais que pareça um lema maluco, sou favorável a essa ideia. Ir atrás, testar, rastrear, levar água se o problema for de higiene, conexão se o problema for de isolamento, algum conforto se o problema for solidão.
Fico pensando aqui no meu refúgio. Temos na Amazônia um dos mais complexos e poderosos sistemas de vigilância, o SIVAM, com supercomputadores ociosos.
Por que não lançá-los na tarefa de processar todos os dados disponíveis e usá-los para uma orientação em escala nacional?
O Brasil é muito mais poderoso do que parece. O problema é que os governantes não se deram conta da gravidade da crise. Falam que estamos em guerra mas se esquecem que numa guerra tudo é mobilizado para a defesa.
De um modo geral, o comandante máximo é o primeiro a se mobilizar para isso. No Brasil, ele sequer dá importância ao inimigo.
Uma das sensações mais comuns à saída de um segundo ministro da saúde em pouco tempo foi a desolação: o que será de nós?
Acho que temos de superar essa passividade. O que será de nós, de certa forma, dependerá muito de nós mesmos.
A pandemia está avançando sobretudo em alguns pontos do país. O Rio é um deles, São Luís outro. Mandetta disse que o epicentro se deslocou de Manaus para Belém.
Fui chamado a comentar na tevê o número de mortos na sexta, um recorde: 824 num só dia. Acontece que não deveríamos nos fixar apenas nos números. Precisamos estabelecer um centro de inteligência para elaborar esses números e os fornecer alguma indicação para agir.
Sou favorável à ideia de que é preciso um pouco mais de ação, além é claro de receber e tratar os pacientes que chegam aos hospitais.
Mas para não perder energia e tirar o mínimo de eficácia dessa ação é preciso ter dados, muito dados e capacidade de processá-los com inteligência.
Quando ouvimos que um bairro está sendo muito afetado, como Copacabana, por exemplo, a notícia acaba aí. Em alguns lugares, o máximo que se faz é criar uma barreira para evitar a circulação de carros.
As autoridades parecem não saber o que fazer, exceto cercar. No caso de Copacabana, por exemplo, sei que um terço dos 143 mil habitantes são idosos. Sei que muitos vivem sós, dependem de guardadores.
O bairro sempre foi perigoso não só por causa de pequenos assaltos. Andar em Copacabana para um idoso pode ser uma armadilha pois o calçamento nem sempre ajuda.
Não tenho um plano para enfrentar isso. Mas não creio apenas na passividade e na contagem de mortos e contaminados.
Seria preciso talvez testar os guardadores que vão e bem. Seria preciso ter uma lista de idosos que vivem sós e inclusive iniciar um trabalho psicológico ainda que seja por telefone ou internet, onde existir esta possibilidade.
Um comitê de crise poderia processar dados disponíveis e fazer um plano de ação. Os cientistas que ajudam os governos no Nordeste têm um lema que é o ir atrás do vírus, ao invés apenas receber suas vítimas.
Por mais que pareça um lema maluco, sou favorável a essa ideia. Ir atrás, testar, rastrear, levar água se o problema for de higiene, conexão se o problema for de isolamento, algum conforto se o problema for solidão.
Fico pensando aqui no meu refúgio. Temos na Amazônia um dos mais complexos e poderosos sistemas de vigilância, o SIVAM, com supercomputadores ociosos.
Por que não lançá-los na tarefa de processar todos os dados disponíveis e usá-los para uma orientação em escala nacional?
O Brasil é muito mais poderoso do que parece. O problema é que os governantes não se deram conta da gravidade da crise. Falam que estamos em guerra mas se esquecem que numa guerra tudo é mobilizado para a defesa.
De um modo geral, o comandante máximo é o primeiro a se mobilizar para isso. No Brasil, ele sequer dá importância ao inimigo.