Um estudo em 234 geleiras da Groenlândia, realizado durante 34 anos, revelou que estão num processo irreversível de derretimento.
Isto significa que mesmo os esforços para reduzir o aquecimento global já não poderão salvá-las.
Isso me deixa bastante perturbado. Alfredo Sirkis no seu livro Descarbonários conta a história de uma esquimó que conheceu num congresso. Ela confessou a ele que no Ártico a temperatura havia chegado a 38 graus num determinado momento. E ele pensou no Rio de Janeiro, o que seria de nossa cidade com a elevação do nível dos mares.
O oceano cresce um milímetro por ano. A previsão é de que as geleiras da Groenlândia podem elevá-lo em seis metros, naturalmente daqui a décadas.
Quando deputado, visitei as praias de Boa Viagem, Jaboatão e Paulista, em Pernambuco e destinei dinheiro para uma pesquisa sobre a elevação do nível do mar ali, que já estava destruindo algumas calçadas na praia.
Lembro-me que Sérgio Cabral me censurou por isso. Bobagem eleitoral. Na verdade, a pesquisa pensava também em todo o litoral brasileiro. Seria feita em Pernambuco porque a situação ali era grave. E, principalmente, pelos laços com a Holanda um pais que tem know-how sobre como se defender do mar.
Os holandeses, todos sabem, estiveram em Pernambuco com Maurício de Nassau. Existem vínculos históricos e culturais. Estive lá no Instituto Brennand para mostrar um documentário a obra do pintor Franz Post, a maior coleção do mundo fora da Holanda,
Sirkis morreu em plena luta contra o aquecimento global, era a razão de sua vida e de outras pessoas como Al Gore. Mas, sinceramente, apesar da batalha que nunca deve cessar, essas notícias da Groenlândia são um sinal de alerta para todas as cidades litorâneas do mundo
Como nos preparamos no Brasil, se nossa cultura não é muito de planos a longo prazo? Um bom tema de reflexão nesse fim de semana.
Fonte: Blog do Gabeira