Hoje foi um dia bonito mas tive trabalho pela manhã e quase esqueço de enviar o artigo do Estadão para sexta. Chama-se as Queimadas da Negação.
Hoje li também o artigo de uma moradora da Califórnia falando da impureza do ar. Usava máscara e lamentava não poder respirar algo mais puro.
Se ela visse a situação de Cuiabá hoje de manhã, a cidade também tomada pela fumaça, ia saber que uma parte do Brasil vive o mesmo drama de não poder respirar direito.
Ontem assisti ao documentário Dilema da Rede Social. De uma certa forma, estão ali alguns temas sobre os quais já escrevi. No entanto é mais assustador.
O que escrevi até agora é baseado em críticas de observadores externos que denunciam o papel das redes sociais nas fake news e ascensão da extrema direita.
O documentário é uma série de depoimentos de insiders, pessoas que desenharam essas plataformas e encontraram um caminho para que dessem muito dinheiro.
O uso político nas eleições é apenas um subproduto. O aspecto principal é o uso econômico que prende as pessoas na rede e as transforma em dóceis consumidores.
O problema é que é um caminho sem volta. Não se compara com a influência da televisão ou mesmo do cinema. É um setor que se desenvolve com uma extraordinária rapidez.
Vou tentar analisar o documentário, num texto maior esta semana, talvez para publicar no Globo.
Alguns dos depoimentos ressaltam que o mundo parece ter ficado maluco com a internet. Penso que ela é apenas uma dimensão essencial de mudanças vertiginosas que fazem o mundo parecer maluco para nós.
O sociólogo suíço Ulrich Bech descreve esse movimento no livro A Metamorfose do Mundo. Ele acentua que a Revolução Francesa levou mais de 200 anos para exercer toda sua influência. Hoje as mudanças ocorrem em segundo, esmagando pessoas e instituições.
Esse tema envolve o Brasil naturalmente mas é muito mais amplo. Vivemos algumas consequências dessa realidade.
Fonte: Blog do Gabeira