Nos anos 70, Andy Warhol cunhou a frase : “No futuro, todo mundo será famoso por 15 minutos”. Na ocasião o artista foi o que hoje os jornalistas de TV chamam de “especialista”.
Warhol, ficava deprimido se seu nome não aparecesse na mídia toda semana, diziam os amigos.
Portanto, no assunto fama e visibilidade, tratava-se de um especialista em atração midiática.
Mas Andy não viveu o suficiente para conhecer as redes sociais onde um estúpido, sem obra, ideias ou charme pode rebocar 12 milhões de seguidores, se tornar um ‘dandi’ admirado por um ministro baba ovo, políticos espertos e jornalistas deslumbrados com mitos virtuais.
Warhol dava grande importância à visibilidade midiática. Suas fotos ao lado de ícones socialites, da arte e da cultura espocavam semanalmente em alguma publicação da galera ‘cult’.
Ao cunhar a célebre frase, Warhol deixou de lado uma síndrome que mais à frente atacaria celebridades que se sentem deprimidas – quase mortas – se não aparecem na mídia no espaço de 15 dias.
Esse é o caso do escritor brasileiro Paulo Coelho que ficou rico e famoso com seus livros, virou imortal da ABL, mora na Suíça, deseja ser esquecido pela Receita Federal do Brasil mas sempre lembrado pelos seus fãs.
Vira e mexe o escritor produz uma tolice pretensiosamente polêmica.
Em 2012, ambicionando chamar atenção da mídia para seu novo livro, Coelho disse e a Folha de São Paulo publicou:“Os autores hoje querem impressionar seus pares. Um dos livros que fez esse mal à humanidade foi ‘Ulysses’ [clássico do irlandês James Joyce], que é só estilo. Não tem nada ali. Se você disseca ‘Ulysses’, dá um tweet”.
A bobagem egoica poderia passar despercebida pela galera inteligente.
Contudo, a pretensão descabida do Coelho despertou a repulsa de Stuart Kelly, crítico de literatura do Guardian, que reagiu com rispidez num artigo publicado no seu blog, colando na abertura do texto uma frase do escritor e pensador inglês Samuel Johnson, em resposta a um crítico no século XVIII: “Uma mosca pode picar um cavalo, mas o cavalo continua a ser um cavalo, e a mosca não mais que uma mosca.”
A frase sintetiza a descrição impiedosa e realista da carreira de Paulo Coelho que o crítico considera um insulto à inteligência e uma confissão de fé na ignorância dos seus leitores aos quais oferece nada mais que “sua crença de que devemos ceder a suas limitações” artísticas.
Stuart finaliza seu desagravo com uma definição perfeita: “Coelho está, claro, autorizado a emitir sua opinião burra, assim como eu estou autorizado a achar o trabalho de Paulo Coelho um nauseabundo caldo de egomania e falso misticismo. Sua destreza verbal tem a consistência do camembert vencido que ontem joguei fora.”
Em 2014, numa matéria da revista Época, Coelho,criticou a política brasileira, artistas como Chico e Caetano – e pontificou: minha geração “envelheceu mal”.
Coelho nasceu velho mas, sua síndrome por visibilidade midiática é a mesma de um noviço alfabetizado nas redes sociais -louco por mídia- e que não respira fora da bolha midiática.
Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.