Hoje foi um dia cheio. Comecei mediando um webinar do Estadão, dentro do projeto Retomada Verde.
Em seguida, escrevi um artigo para o Globo e tratei do Rio.
Horas depois, vi que a Câmara de Vereadores rejeitou o pedido de impeachment de Marcelo Crivella.
Ufa. É a segunda vez que ele escapa.
No artigo sobre o Rio, chamei a atenção sobre a necessidade não só de escolher prefeitos razoáveis mas também vereadores com quem a sociedade pudesse dialogar.
O que mais me impressiona no Crivella é essa tentativa de associar religião e estado. Creio que um dos pontos vitais da modernidade foi precisamente separá-los. Isto contribuiu para estancar guerras sangrentas e nos colocou na era do estado laico.
Infelizmente a história não é linear. A revolução islâmica no Irã em 1979 trouxe os aiatolás para o poder. O resultado é que a partir dai intensificou-se uma sangrenta luta entre xiitas e sunitas, arruinando as poucas chances de modernização do mundo na área.
O episódio é bem descrito por Amin Maloouf no livro Naufrágio das Civilizações. Outro dia escrevi uma pequena resenha desse livro que tenta explicar porque entramos nessa crise profunda, os árabes pobres e desesperados, e o Ocidente também sem encontrar um rumo adequado.
No caso do Ocidente entram em cena outros fatores que precipitam a crise. Um deles é a entronização do egoísmo pessoal como o motor do desenvolvimento, esperando que a soma dos egoísmos seja regulada pela mão invisível do mercado.
No fundo, a gente não caminha mais porque as cabeças não deixam. Jamais imaginei que o Rio moderno terminasse nas mãos de fundamentalistas religiosos.
Como disse um leitor: queremos pagar IPTU e não dízimos a igrejas.
Fonte: Blog do Gabeira