3 de dezembro de 2024
Colunistas Fernando Gabeira

Diário da crise CDXLII

Domingo é dia de passear pelo mundo. Em alguns países, EUA e Argentina, ainda se fala na queda daquele edifício em Miami. Um jovem casal argentino está desaparecido e os jornais americanos ainda contabilizam as perdas.

Na Inglaterra, caiu o Ministro da Saúde, Matt Hancock que foi visto beijando sua secretária Gina. Houve uma repercussão porque ambos eram casados, mas também porque as pessoas estão se abstendo de beijar por recomendações do próprio Ministério da Saúde.

Na Itália, O Corriere Della Sera lança uma manchete sobre a variante Delta, de origem indiana, que está ameaçando a Europa.

Acho que é a notícia internacional que nos interessa. Já foi detectada no Brasil e matou uma pessoa.

Segundo as informações, esta variável tem um poder de propagação três vezes maior do que a P1, aquela que apareceu em Manaus e veio para o sudeste e sul do país.

Parece que a Delta tem capacidade também maior de vencer anticorpos e seria interessante fazer logo uma pesquisa sobre a eficácia das vacinas nessas circunstâncias.

Leio no Lauro Jardim que a ex-mulher de Pazuello quer depor na CPI. Parece que o senador Omar Aziz vai cantá-la para sentir se isto vale ou não a pena. Pode ser algo de interesse da CPI mas pode ser também um problema conjugal não resolvido.

A CPI deveria se concentrar agora em desvendar tudo o que possa ser desvendado sobre esse contrato da Covaxin. É o que está repercutindo e pode demonstrar com clareza a participação de Bolsonaro num esquema suspeito, seja por ação, seja por omissão.

Recebi também notícias de Portugal e parece que lá houve um novo avanço do coronavírus. Também na Inglaterra, a volta às aulas presenciais acabou ampliando a contaminação das crianças.

Os ingleses têm excedente de vacinas e certamente vai utilizá-las também em crianças e adolescentes.

Enfim, embora estejamos num processo de definição de responsabilidades com a CPI e uma parcela da população aqui tenha sido vacinada, é importante não baixar a guarda. Ainda estamos em plena pandemia.

Escrevo isso porque alguns leitores reclamam de que enfatizo crises. Não percebem que o título geral é um título que já usei no passado e escolhi para definir este período que começou com a pandemia e quarentena.

Dentro de duas semanas, voltarei à estrada. Certamente escreverei sobre outros temas, embora com menor regularidade. Mas a ideia de crise transcende à própria pandemia. Nesse fim de semana, andei lendo um texto que mostra como dois filósofos alemães, Theodor Adorno e Martin Heidegger, de orientações diferentes, identificam a crise como o processo de controle da natureza, a vontade ilimitada de poder. Foi a relação com a natureza que enlouqueceu os homens a ponto de existir um genocidio nos campos de concentração.

Com mais calma, voltarei a isso. Certos temas são difíceis na internet.

Fonte: Blog do Gabeira

Fernando Gabeira

Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.

Jornalista e escritor. Escreve atualmente para O Globo e para o Estadão.

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