Trump vive ruidosamente seu último ato. Ao mesmo tempo em que tenta impedir a confirmação da vitória de Biden no Parlamento, o resultado das eleições na Georgia aprofundam sua derrota e indicam que o democrata venceu.
Aqui no Brasil, continuamos na gangorra. Bolsonaro diz que o país está quebrado e muito, as vozes aparecem para dizer que não é bem assim.
Hoje, Bolsonaro afirmou que o país está uma maravilha. Certamente, aparecem vozes dizendo que também não é bem assim, não vivemos no melhor dos mundos.
O front das vacinas continua obscuro. Bolsonaro decidiu suspender a compra de seringas, afirmando que seu preço está muito alto.
O presidente conta com as seringas dos estados e prefeituras para o primeiro momento de vacinação. Até aí tudo bem. É possível que bastem para o primeiro momento.
Mas o tempo é vivido como uma sucessão. Depois do primeiro momento, vem o segundo, o terceiro, o quarto momento. Esta é a razão pela qual se pede planejamento.
O governo não entende isto, não consegue pensar além do momento. Isso quando consegue pensar no momento.
Hoje, um homem de 50 anos me abordou com a seguinte pergunta: quando será que chegará minha vez na vacinação?
Não consegui responder. No entanto, acho que as pessoas deveriam ter essa resposta para planejar minimamente sua vida.
Em alguns lugares dos Estados Unidos, é possível agendar a vacinação por internet. Em Israel o processo é controlado e previsível.
Bolsonaro vive enrolado nas bandeiras americanas e de Israel. Acontece que Israel é um pequeno estado altamente comprometido com a ciência. O nível intelectual de seus moradores é alto, a própria história do povo judeu é povoada de grandes cientistas.
Portanto, o problema não pode ser reduzido a um confronto esquerda e direita. Muito menos a democracia e ditadura. Mesmo alguns governos autoritários avançam no processo de vacinação.
Nosso caso é singular. Conseguimos dominar o processo de contagem dos contaminados e dos mortos, através de um consórcio de imprensa. Falta agora controlar as informações sobre a vacina, envolver o Congresso a própria sociedade para que esse calendário seja feito.
Amanhã deve terminar o drama da Coronovac. O governo de São Paulo, através do Instituto Butantã, vai divulgar os dados sobre a eficácia da vacina. Já deveria ter feito. É melhor saber, por exemplo, que a eficácia ronda os 60 por cento, como é o caso da vacina de Oxford, do que fazer mistério e adiar um processo necessário.
Se tivéssemos as vacinas mais eficazes, como das Pfizer e Moderna, talvez não precisássemos vacinar tanta gente. O problema da eficácia é que, sendo pequena, temos que ampliar o processo de vacinação.
Mais um motivo para começar logo.
Fonte: Blog do Gabeira