Um setor da iniciativa privada se articula para comprar vacinas na Índia. A vacina feita lá é a Covaxin que foi aprovada no país, antes de percorrer a terceira fase de teses.
Isto vai trazer alguma discussão aqui. Vacinas só são aprovadas se forem seguras e eficazes. Como a Covaxin ainda não passou pela terceira fase, não vemos como a Anvisa possa aprová-la.
Ficará no ar, entretanto, esse debate: as clínicas particulares podem importar vacinas?
Se elas o fizerem com êxito estará criada uma situação nova na qual os que têm dinheiro para pagar se protegem e os outros continuam expostos.
O ideal seria uma vacinação pública, gratuita e universal. Como o governo está hesitando, surgem essas tentativas de iniciar o processo apesar dele.
É muito difícil discutir com hipóteses. Mas se as grandes empresas brasileiras resolverem comprar vacina para aplicá-las na população, sem custos, como um gesto de marketing, talvez não seja tão problemático. Desde que a vacina seja segura, eficaz e aprovada pela Anvisa.
E desde que a iniciativa não forneça ao governo um pretexto para fugir aos seus deveres de garantir, o mais rapidamente possível.
Mas o correto mesmo é que o governo assuma sua responsabilidade e que um plano nacional de imunização seja posto em prática, o mais rapidamente possível.
Hoje, surgiu uma noticia de que a Fiocruz importaria dois milhões de doses da vacina da Oxford-AstraZeneca da Índia. Mas uma agência de notícias informou que as exportações desse tipo de vacina estavam proibidas na Índia.
Ninguém explicou ainda o que significa isso. A Fundação Oswaldo Cruz contava com essas dois milhões de doses agora? Como irá substituí-las? Até que ponto isto vai atrasar o calendário de vacinação?
Ainda estamos no escuro. Tenho feito perguntas aqui e, quando houver chance, as repetirei para os especialistas.
O prefeito Eduardo Paes afirmou que o Ministério da Saúde apresentaria um calendário esta segunda. O Ministério desmentiu. Disse que vontade não falta, mas ainda não havia condições.
O Rio pretendia iniciar a vacinação no dia seu padroeiro, em 20 de janeiro. São Paulo quer começar com a Coronavac no dia 25.
Mas tudo ainda está um pouco nebuloso. São Paulo depende da autorização emergencial da Anvisa; o Rio não só depende da mesma autorização para a vacina de Oxford como depende da vacina em si. No caso do Rio, esperava-se um carregamento de insumos no meio de janeiro. A única chance de cumprir o prometido no dia 20, seria obter um carregamento de vacinas prontas.
Sigo acompanhando, mas as vezes tenho a sensação de estar num labirinto kafkiano. É dificil prever algo com alguma precisão no Brasil.
Fonte: Blog do Gabeira