Dezessete governadores lançaram uma carta, criticando Bolsonaro. Ele publicou dados de transferência de recursos para os estados que são inexatos.
Bolsonaro, segundo eles, misturou transferências determinadas pela Constituição com os recursos enviados para a saúde, dando uma falsa impressão de que os governadores receberam mais do que admitem, ou pelo menos gastaram menos do que receberam.
Bolsonaro tenta jogar nos governadores o peso da crise. Mas não sei se os governadores não têm nenhuma culpa nessa história. Lembro-me dos muitos processos de corrupção no ano passado, quando se compraram os respiradores.
Bolsonaristas criticam a desmontagem dos hospitais de campanha. Eu iria mais longe: hospitais de campanha foram vendidos a preço de banana. Soube de um milionário que comprou um hospital de campanha instalou num galpão de uma cidade mineira e até hoje vende o hospital aos pedaços. Uma geladeira de R$3 mil ele vende pela metade do preço. Deve ter comprado muito barato.
O problema é que Bolsonaro e os governadores não se entendem desde o principio. A ausência de uma coordenação nacional foi responsável pelo nosso fracasso em combater o coronavirus. Agora não existe apenas a ausência de coordenação mas um conflito aberto entre presidente e governadores.
No passado, Bolsonaro e Dória rivalizavam em torno da vacina. Finalmente, Bolsonaro comprou a vacina trazida por Dória. Bolsonaro queria que as igrejas funcionassem na pandemia. Dória acaba de adotar essa medida.
Não há um lado totalmente certo na história. Mas as políticas defendidas pelos governadores, sobretudo as que decorrem da orientação cientifica são mais confiáveis que as de Bolsonaro.
O presidente se mostrou o maior obstáculo ao trabalho de combate ao Coronavirus. Seu Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, está enrolado. Ele não consegue dizer com certeza quando soube da emergência em Manaus. Já mandou duas datas diferentes para o STF, querendo escapar no inquérito sobre as mortes.
Ao falar hoje do confronto entre governadores e Bolsonaro, mencionou o caso dos leitos de UTI. A Ministra Rosa Weber determinou que o governo federal tem de pagar os leitos desabilitados em dezembro, especialmente os no Maranhão, São Paulo e Bahia.
Fiquei sabendo ao pesquisar sobre o tema que um leito de UTI para Covid19 custa R$1.600 por dia.
Imaginei o que seria da população sem essa cobertura. Cinco dias de UTI custariam no mínimo R$8 mil.
Por falar em UTI chegamos ao tema principal da semana: as UTIs estão lotadas em cinco capitais. Em alguns lugares, como Porto Alegre e Porto Velho a ocupação é de 100 por cento. Só morrendo gente é possível atender os que estão na fila.
Chegamos a um ponto muito critico e pouca gente está se dando conta. Pazuello está respondendo por Manaus mas muito em breve, alguns lugares podem reproduzir aquele cenário macabro. Ele não se deu conta da importância da variante do corona que, segundo os cientistas, contamina com uma carga viral dez vezes maior e e se propaga com mais velocidade.
Talvez ainda sejam necessários alguns dias de drama para ensaiarmos uma ação nacional.
Estamos ficando isolados do mundo. Muitos países não recebem nem permitem voos para o Brasil. O que será preciso para uma ação nacional? Infelizmente o Congresso que é um ponto de referência parece um pouco perdido. A Câmara passou uma semana discutindo um projeto de imunidade para os deputados. Vamos ver se voltam ao planeta Terra com as noticias dramáticas sobre a pandemia.
Fonte: Blog do Gabeira