A Anvisa concedeu registro definitivo para a vacina da Pfizer. Não há uma única dose dessa vacina no Brasil. É considerada muito eficaz, acima de 90 por cento, impede a propagação da doença e parece que consegue também neutralizar algumas variantes.
É a única vacina com aprovação definitiva no Brasil. Como explicar o fato de não a termos comprado?
Para efeito externo, o governo recusou a vacina da Pfizer afirmando que não iria se responsabilizar por efeitos colaterais do imunizante.
Os países ocidentais que a usam jamais fizeram esta exigência. O problema no Brasil é que é difícil convencer Bolsonaro. Se a vacina vem do Oriente, ele contesta porque o Oriente é vermelho, se a vacina vem dos centros avançados do Ocidente, ele contesta porque acha que podem transformar pessoas em jacarés.
A vacina da Pfizer é resultado de uma técnica moderna que usa o RNA mensageiro. Expressa o avanço da medicina genética e pode ser usada também na pesquisa de cura de outras doenças sérias, como o câncer.
Esta vacina foi criticada em alguns sites bolsonaristas porque segundo eles poderia alterar o nosso DNA. Daí aquele medo de Bolsonaro de que as pessoas possam virar jacarés.
A desastrada intervenção de Bolsonaro na Petrobras está sendo aplaudida pela esquerda que é favorável ao controle de preços dos combustíveis.
Abstraio esta questão dos preços, para dizer que tudo poderia ser feito com mais habilidade e sem riscos tão grandes.
Li hoje o artigo de Adriano Pires, um especialista em energia, afirmando que seria possível criar um fundo de estabilização dos preços para evitar solavancos no cotidiano.
Mas com que dinheiro? Adriano acha que o Brasil como exportador tem condições de fazer um colchão, beneficiando-se dos eventuais aumentos. Esse excedente, segundo ele, poderia ser usado no fundo estabilizador.
Uma solução negociada desse tipo talvez levasse algum tempo para se viabilizar. No entanto, não provocaria o tsunami que o gesto de Bolsonaro provocou, por falta de planejamento e visão estratégica.
Adriano acha que algo pode ser feito também para ajudar as famílias mais pobres que usam o gás de cozinha. Ele aconselha algo que já é utilizado no setor de energia e beneficia 8 milhões de famílias: uma espécie de cartão social semelhante ao vale transporte, no qual será colocado o valor que o programa transfere para as pessoas cadastradas.
São soluções que precisam amadurecer, algo que se faz com discussão pública, paciência, visão estratégica. A própria esquerda que hoje apoia a decisão de Bolsonaro deveria examinar melhor sua solidariedade ao autoritário presidente. Se Dilma tivesse acertado em cheio com essas medidas teoricamente seria muito mais popular do que foi.
Há caminhos para abordar o tema e Bolsonaro resolveu pura e simplesmente virar a mesa.
O problema é que a discussão virou agenda eleitoral e todos querem impressionar seu público. O próprio Aloisio Mercadante, ex-ministro de Dilma, falou em controlar os preços para aliviar caminhoneiros e motoristas de aplicativos. Não se fala no taxista, porque este apesar de estar sacrificado e dentro da lei, não tem importância numérica.
O PT tem uma posição clara sobre preços. Ela pode trazer prejuízos para a Petrobras e isso não o incomoda.
Bolsonaro também quer reduzir preços, mas até agora reduziu apenas o valor das ações e impulsionou a alta do dólar.
Ainda nem conseguiu começar a dar prejuízo sistematicamente.
Fonte: Blog do Gabeira