25 de abril de 2024
Colunistas Marco Angeli

Estupro, aborto: as leis tem que mudar

O caso da menina do Espírito Santo mostra o quanto as leis brasileiras estão atrasadas.

Estuprador confesso, com um passado que inclui prisão em 2010 por tráfico de drogas, posse ilegal de armas de fogo e foragido de uma ‘saidinha’ em 2014, o tal de R.H tem merecido um tratamento benevolente da mesma imprensa que usou a informação irresponsável de Sara Winter e divulgou nome e endereço da menina de 10 anos vítima de abuso sexual.
Ninguém divulga o nome do indivíduo, estranho raciocínio de uma imprensalha agora cheia de pudores.
A ‘simpatia’ dos escribas de aluguel por criminosos hediondos -’pobres vítimas de uma sociedade capitalista’- não é nova.
Vai desde a proteção à monstros como Champinha até o apoio incondicional aos alienados das entidades de Direitos Humanos, empenhados sempre em suavizar a vida de bandidos e se esquecendo completamente de suas vítimas.
O caso da menina de dez anos estuprada pelo tio durante 4 anos, seguidamente, não é inédito e acontece frequentemente.
Com muito mais frequência do que aqueles que fecham os olhos gostariam.
Só em 2018, o Brasil registrou a execrável estatística que mostra uma realidade dura: foram 66 mil casos de estupro naquele ano.
Destes, mais da metade – 53,8% – contra meninas de até 13 anos de idade.
Pior: sabe-se que, em casos de estupro, 99% dos criminosos saem da parada impunes e prontos a cometer o mesmo crime novamente.
Caso recente de um deles que saiu beneficiado pela abominável ‘saidinha’ e em apenas algumas horas estuprou e matou uma moça em um dos bairros de São Paulo.
A triste situação dessa menina -violentada e grávida- traz consigo reflexões que envolvem duas legislações brasileiras anacrônicas: a lei do estupro, de 2009, e a que regula o aborto, de 1984.
E envolve também a gritaria inconsequente de feminazis, antiabortistas radicais, religiosos miolo mole e toda uma fauna de palpiteiros alienados.
A lei brasileira sobre aborto é clara, apesar de antiga, e prevê sua legalidade em 3 situações: em caso de estupro, quando existe risco de vida à mulher e em casos de fetos anencefálicos.
Mesmo assim, e contra todo o bom senso ou lógica, há o berreiro nas redes sociais dos que abominam o aborto e defendem a manutenção da gravidez de uma menina de apenas dez anos, estuprada e grávida do próprio tio.
Sobre esse hipócritas de plantão, só nos resta imaginar qual seria sua opinião à respeito se a vítima fosse sua própria filha.
Não se sabe exatamente quantos abortos são realizados no Brasil atualmente, ilegais ou legais.
Calcula-se -e tenho lá minha dúvidas- em cerca de 100 mil por ano.
Seja com for, e independente de polarizações ou posições ideológicas e políticas, há que se ter bom senso e não radicalizar jamais em relação a casos delicados como esses, que envolvem a vida futura e pregressa de crianças e mesmo de adultos, traumatizados por situações de extrema violência.
Não se pode ser, simplesmente, contra ou a favor do aborto.
Ou de pena de morte -como querem muitos- contra estupradores.
O maniqueísmo -bem ou mal, preto ou branco- nesses casos, é burro e hipócrita, pois é cego em relação às dezenas de variantes nesses casos.
As leis brasileiras, brandas e frouxas demais, devem ser atualizadas para nossa realidade, ou esse tipo de situação vai piorar, banalizando cruelmente a vida humana.
A menina do Espirito Santo está viva, felizmente.
Caso raro atualmente em casos de estupro.
Aliviada com a prisão do tio, pode realizar um velho sonho: o de comer um hambúrguer de um restaurante fast food.
Que se recupere e supere tudo isso, se o STF não soltar o tio numa ‘saidinha’ um dias desses, como costuma fazer.
E o canal da irresponsável Sara Winter, que divulgou seu nome e endereço está -justamente- limado definitivamente do You Tube.
O contraponto desta semana -uma notícia boa- fica por conta da recepção feita por Sergipe ao presidente dos brasileiros, Jair Bolsonaro, coisa só vista na campanha de 2018.
Veja conosco o video:

O Brasil precisa mudar.
Ser leniente ou cego à essas situações também é crime.
A legislação precisa mudar.
Que os juristas se movimentem, longe da hipocrisia de costume.
Afinal, é a hipocrisia políticamente correta a responsável por essas tristes estatísticas.
E, em última análise, pela dor dessa e de milhares de outras meninas.
Fosse a lei dura, grande parte de casos como esses não existiriam.
Fonte: www.marcoangeli.com.br

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