16 de setembro de 2024
Adriano de Aquino

Convergência dos extremos

O discurso recorrente, mais replicado nos últimos cinco anos, que faz brilhar uma aura santíssima sobre as cabeças dos oradores, converge para o alerta dos perigos do extremismo de direita.

Hoje, um orador, extremamente rico que pretenda brilhar frente ao público, ser aplaudido por uma plateia cult e ganhar visibilidade midiática, recorre ao enunciado “as ameaças da extrema direita”, sistematicamente divulgado nos meios de comunicação das nações democráticas do Ocidente.

No meu entender toda forma de extremismo deve ser observada com atenção redobrada e repudiada por pessoas que prezam os princípios e valores fundamentais de uma sociedade plural.

Por trás desse enunciado ‘extremismo de direita’ oculta-se uma pergunta; e os demais extremismos, religiosos, ideológicos à esquerda, identitários, étnicos etc., tornaram-se inócuos, perderam potência no âmbito social, não são mais ameaçadores da democracia e perigosos?

É comum no dia a dia a grande imprensa apontar movimentos de extrema direita subvertendo e colocando em risco as democracias do Ocidente.

Assim como se tornou comum a imprensa tradicional poupar criticas, deixar de lado os meios e a forma com que pessoas e empresas, donas de ‘extrema riqueza’ que adotaram e reproduzem o discurso progressista.

Como é comum ver criticas, a gente pobre e de classe média, que contestam a manipulação da nova ordem globalista, o uso seletivo da censura e/ou ações judiciais arbitrárias contra quem protesta frente atos de exceção, agora confinados no gueto da extrema direita, ainda que saibamos que a maior parte desse contingente não tenha ou assuma literalmente uma posição ideológica hegemônica, como vemos acontecer no ativismo de esquerda.

O clube dos super ricos de Davos, por exemplo, que reúne anualmente as maiores fortunas e empresas do planeta, que planeja do alto da pirâmide as formas de controle populacional, políticas migratórias e do meio ambiente, uso de recursos energéticos, numa pauta supostamente vinculada a dinâmica econômica mas que na real abrange interesses de restritos grupos empenhados na governança global, é uma entidade neutra?

Quem critica, contesta e combate as diretrizes desse clube é uma pessoa de extrema direita?

As propostas dos extremos bilionários e suas diretrizes sobre a vida de bilhões de pessoas, é um movimento desprovido de ambições políticas especificas?

E no campo do ativismo social, os movimentos antissemitas, pró-Hamas, que hoje se alastram pelas comunidades acadêmicas, artísticas e da juventude senil das nações livres do Ocidente, são extremistas? Extremistas de que coloração?

São tantas as perguntas que pairam sobre as atuais classificações de extremismo, que sou levado a refletir que a onda que move tal determinismo empurra a maré social para um confronto intencionalmente manipulado, onde os conceitos sobre extremos nada mais é que pretexto espúrio,desprovido de fundamentos observáveis, tipo ‘palavra de ordem’ para tocar rebanhos.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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