A renúncia de Theresa May do cargo de Primeira Ministra Britânica não pegou ninguém de surpresa por aqui. Aliás, May já havia caído há vários meses, inclusive anunciando que deixaria o Governo em troca da aprovação do acordo para o Brexit. Como todos sabemos, o acordo não foi aprovado e May sabia que não havia nada a fazer para evitar que deixasse para trás um legado desastroso. Mas o que muda com a saída de May?
Em primeiro lugar, é preciso entender como funciona a escolha do PM (Primeiro Ministro), no Reino Unido. Basicamente, ele ou ela é escolhido(a) pelo partido que tem a maioria no Parlamento, no caso o Partido Conservador. Os membros do Partido que fazem parte da Câmara do Comuns (equivalente a Câmara dos Deputados) devem apresentar a sua candidatura ao lugar de May até dia 10 de junho (por enquanto, cinco nomes já foram apresentados). A partir daí, os líderes do partido votam até que restem apenas dois candidatos quando, então, os afiliados decidem quem será o próximo PM. É isso mesmo, a decisão estará nas mãos dos 120 mil afiliados ao Partido Conservador.
O fato de haver discórdia dentro do próprio Partido, torna o futuro do Reino Unido incerto, principalmente em se tratando de Brexit. Entre os cinco candidatos na corrida eleitoral, há quem tenha votado a favor do acordo com a União Europeia para um divórcio mais suave, mas também há quem queira sair da UE sem qualquer acordo.
A renúncia de May demonstra outro fator que não se pode ignorar: a força da oposição. Seja quem for o próximo PM, vai ter que desviar de uma pressão brutal por uma eleição geral. Diferente do Brasil, onde eleições têm datas definidas para acontecer, na Inglaterra, o PM pode convocar eleições gerais (dissolver a Câmara e convocar o povo para eleger os novos governantes) a qualquer momento. Esta é a última coisa que o Partido Conservador quer, com receio de que a esquerda vença com folga, principalmente após o desastre causado pelo governo de Theresa May e a confusão em torno do Brexit.
A incerteza sobre quando e como o Reino Unido vai sair da UE já causou a perda de milhares de empregos diretos e indiretos, dezenas de empresas já transferiram ou irão transferir seus negócios para outro país da UE. Recentemente, a Honda anunciou que vai fechar suas instalações por aqui, demitindo 3.500 funcionários. Nissan também cancelou os planos de construir, aqui, uma subsidiária que promoveria 740 empregos diretos. Sem contar os bancos que já transferiram bilhões de investimentos for a da Inglaterra.
Mesmo assim, defensores do Brexit garantem que a Inglaterra sairia vencedora neste divórcio com a UE. Eu ainda não consigo ver como. Parece que só veem os números superficiais: atualmente, pagamos 9 bilhões de libras para a UE e recebemos 5 bilhões, incluindo 3 bilhões que a UE investe na agricultura e em áreas menos abastadas. Saindo da UE, será que o Reino Unido passará investir esta mesma quantia no desenvolvimento de pesquisa em agro negócios com o rombo atual na saúde e policiamento, por exemplo?
Os efeitos negativos do Brexit não param por ai. Nem vamos falar no aumento dos preços de centenas de produtos que hoje são importados de países da UE ou da incerteza sobre a fronteira na Irlanda do Norte!
Por enquanto, o que sabemos é que no dia 31 de outubro – com acordo ou sem acordo – o Reino Unido terá que sair da UE, mas, antes disso, outras importantes datas podem mudar este cenário aparentemente garantido:
07/06: dia em que Theresa May deixaria o cargo, mas ela já avisou que ficará até o Partido escolher o novo PM;
10/06: prazo final para os membros do Partido Conservador se candidatar ao cargo de PM;
Final de julho: prazo final para a escolha do PM.
Entre fim de julho e 31/10, tudo pode acontecer.
A minha previsão seria de que, se o Partido Conservador for inteligente, vai vencer o candidato que deseja um diálogo com a UE, já que a maioria da Câmara dos Comuns rejeita um “divórcio litigioso”. O problema é que o Parlamento Europeu não está muito disposto a rever o acordo já apresentado. Por isso, o próximo PM terá que ser alguém com influência também no Parlamento Europeu.
Convenhamos, com um divórcio bilionário como esse e com tantas consequências desastrosas para ambos os lados, acho difícil que batam o martelo dia 31 de outubro. Se fizerem, nem mesmo as bruxas vão querer fazer festa.
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