11 de setembro de 2025
Vinhos

Rótulos: informação e marketing

Registros arqueológicos nos mostraram que vinho já era produzido há mais de 6.000 anos antes de Cristo.

Mas, e os rótulos?

Não são tão antigos assim. Os primeiros registros, que mostram uma etiqueta de identificação em uma ânfora contendo vinho, outra descoberta arqueológica, foram encontrados na tumba do Faraó Tutancâmon, que morreu por volta do ano 1325 antes de Cristo.

Outro marco importante na história dos rótulos só vai acontecer lá pelo século XVII, quando o conhecido Monge Dom Perignon, amarra uma etiqueta manuscrita no gargalo de uma garrafa.

O rótulo, como conhecemos hoje, só começou a ser desenvolvido nos anos 1700, a partir do momento que as garrafas de vidro se tornaram mais comuns e foram amplamente adotadas pelos vinhateiros. A necessidade de identificar o conteúdo destes vasilhames tornou-se imperativa.

A primeira forma de impressão destas etiquetas foi a Litografia. Uma matriz era entalhada na pedra. Depois, aplicava-se tinta e o papel. Totalmente manual. Os rótulos eram monocromáticos

Novos rumos só surgiriam com a criação da impressora mecânica, o que permitiu a produção em grandes volumes, aumentar a quantidade de informações impressas e a utilização de cores, imagens e outros recursos.

Basicamente, estes rótulos indicavam as uvas vinificadas, o nome do produtor e seus brasões ou medalhas. A ideia era diferenciar cada vinho dos seus concorrentes. Um marketing embrionário.

As informações, que hoje são obrigatórias, decorrentes das diversas legislações, só começariam a surgir nos anos 50. Deveriam deixar registrado onde foi engarrafado e por quem, safra, teor alcoólico, volume etc.

Atualmente os rótulos modernos são muito tecnológicos, com códigos “QR” e selos gravados a laser, buscando uma maior segurança contra fraudes e boa rastreabilidade.

Paralelamente, aquela primeira forma de marketing evoluiu muito. Os produtores perceberam que poderiam criar rótulos mais eficientes na arte de atrair os olhares dos clientes, resultando num aumento nas vendas.

As principais vinícolas do mundo começaram a contratar ou desenvolver internamente, designers capazes de criar os mais espetaculares rótulos. Nesta área, a criatividade é quase sem limites.

Um dos exemplos mais famosos são as etiquetas desenvolvidas para o Château Mouton Rothschild.

A primeira experiência foi na safra de 1924, quando o artista Jean Carlu foi encarregado de desenhar o rótulo.

Passaram alguns anos até que o Barão Philippe Rothschild decidiu estabelecer uma tradição. A partir de 1945, um renomado artista foi chamado para ilustrar cada rótulo de safra produzida. Isto se tornaria a verdadeira identidade visual deste Château.

Entre os ilustres convidados vamos encontrar: Miró, Chagall, Picasso, Salvador Dali, Francis Bacon e muitos outros.

Uma das garrafas que ficou icônica foi a da safra de 2000. Em vez de ter um rótulo colado, ele foi esmaltado na garrafa. A imagem, era a de um carneiro, “mouton” em francês, reproduzindo uma pequena obra de arte, o “Carneiro de Augsburg”, criada em 1590 pelo ourives alemão Jakob Schenauer.

Para conhecer todos estes rótulos, acessem este link: Château Muton Rothschild (em inglês)

No Brasil já temos excelentes exemplos destes rótulos que atraem todos os olhares. Vanessa Medin e Vinha Unna (Instagram) são dois destaques.

A dica da Cave Nacional, de hoje, também traz uma interessante etiqueta.

Atire a primeira pedra quem nunca comprou um vinho pelo rótulo.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

SOZO – SOBREVIVENTE Montepulciano 2024

Já falamos aqui no blog sobre a Sozo, um projeto familiar que possui vinhedos próprios na região de Campos de Cima da Serra, RS. Recém-lançado, o Sozo Sobrevivente Montepulciano 2024 é uma referência a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul. Uva selecionada e colhida manualmente dia 07 de maio de 2024, após o evento, recebe este nome pois a despeito dos proprietários não acharem que as uvas sobreviveriam a chuva, a Montepulciano surpreendeu e rendeu vinhos!

Elaborado pelo método de baixa intervenção, sem aditivos enológicos, é um vinho não estabilizado e não filtrado, para preservar ao máximo os aromas e sabores da fruta. Possui coloração vermelha de intensidade média e aromas intensos e complexos, selvagens, de frutas vermelhas (framboesa, amora), especiarias, rosas. No paladar apresenta acidez média, taninos macios, frescor, sendo bastante equilibrado e harmônico, com uma longa persistência aromática.

Valor unitário em 21/08/2025 – R$ 218,00

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de MV-Fotos por Pixabay

 

Tuty

Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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