A guerra da informação se tornou pauta da grande imprensa, tendo como pano de fundo o cenário devastador da tragédia no RS.
Esse é o raio-x, triste e desesperador, da realidade nacional.
As medidas dos órgãos do governo federal, de impor penalidades às comunicações nas redes sociais, expande negativamente as consequências da tragédia.
Nada mais legítimo e natural do que o povo expressar com ênfase, sua decepção quanto à urgência, presteza e qualidade dos órgãos públicos negligenciados no atendimento imediato às vítimas da enchente.
Governo é a referência imediata e direta da população, seja para o que é bom ou ruim.
O que o povo espera dos governos é que eles sejam prudentes e usem do bom senso para comunicar à população sobre sua atuação em momentos de grave crise ,
O que não é natural, normal e aceitável é ouvir declarações de autoridades da alta esfera do poder público, intimando a população a se calar com ameaças de punições, simplesmente porque, no desespero e na angústia diante do caos, a sociedade critica o procedimento de órgãos do Estado.
Criticar a falta de coordenação, objetividade e rapidez dos órgãos do governo, é uma manifestação legítima da sociedade.
O desespero desencadeia reações naturais nas pessoas.
O que não é natural, e profundamente preocupante, é ver membros do governo ‘desesperados’, desferindo ameaças a torto e a direito aos cidadãos que ousem divulgar críticas consideradas ‘pautas negativas’ para o governo.
Na ‘guerra da comunicação’ sobre a tragédia no RS, o governo perdeu.
Se não tomar a via do bom senso e do diálogo equilibrado com a nação, perderá o pouco que lhe resta de contato com a sociedade.
Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.