26 de abril de 2024
Colunistas Yvonne Dimanche

Eu sofro de insônia

Eu sofro de insônia, desde que fui mãe. Durmo, ou melhor, apago bem cedo. Estou cansada de ver filmes em suaves prestações. Assisto, durmo, retorno ao ponto de onde parei, assisto e durmo de novo. Até chegar ao fim leva um século.

Comentei que sofro, mas na realidade não sofro nada com isso, pois já estou acostumada. Ontem devo ter dormido umas 9h da noite, acredito eu. Uma hora da madrugada duas explosões. Depois eu soube que foi problema da Light e algumas ruas ficaram sem energia. Não sei como não tive um troço. O meu sono estava super pesado e com certeza iria dormir mais ainda.

Como todo castigo para corno é pouco, o pessoal da favela Santa Marta resolveu homenagear as mães dos filhos das mães (estou cautelosa para falar palavrão) e tome de fogos de artifícios. Fogos lindos, os mesmos que eles soltam no réveillon. Maridão apagado e eu tendo de lidar com os meus dois cachorrinhos em pânico.

Essa é a situação de uma cidade sem lei, onde o narcoterrorismo ganhou a guerra. Não acredito que aqueles fogos foram “do mal”, digamos assim.

Creio que foi apenas uma homenagem às mães. Não há polícia que possa prever uma situação dessa, já que soltar fogos de artifício não é crime, mas fica aquela sensação de impunidade.

“Eu sou a lei aqui no meu reduto e eu faço o que eu quero, mas quero que vocês saibam que eu sou peixe pequeno, pois os tubarões mesmo estão nos apartamentos de luxo de todas as grandes capitais e principalmente no Distrito Federal que se faz de cego, surdo e mudo”

No que eu estou pensando Facebook? Que já passou do momento de termos pena de morte. Não aquela comumente usada em nosso país e sim a da lei. Nunca pensei que teria essa ideia, mas um momento de alegria de traficantes (pobre não tem grana para comprar fogos) me fez refletir sobre isso.

Alguém poderá achar que eu, classe média, estou pensando nisso por ter acordado do meu soninho de Bela Adormecida, mas não é o caso. Eu só estou cansada de ser refém de bandidos. #prontofalei.

O Boletim

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