23 de abril de 2024
Walter Navarro

Tudo nada a ver com a outra


O sinistro do Supremo, Teori Zavascki, morreu num acidente aéreo em Paraty. Paraty é sinônimo de cachaça. O filme “Gabriela” (1983), de Bruno Barreto, com Marcello Mastroianni e Sônia Braga, foi feito em Paraty, imitando Ilhéus, na  Bahia.
Não conheço Paraty. Acho que é, não uma Manchester, mas uma Ouro Preto à beira mar. Paraty no Rio e Tiradentes em Minas são cenários de filmes e novelas porque estão mais preservadas que as colegas históricas como Ilhéus, Ouro Preto, Diamantina, um absurdo.
Absurdo como o Brasil destrói sua história, seu patrimônio arquitetônico. Ontem, revi o filme “Meia Noite em Paris”, de Woody Allen. Paris nos anos 1920.
Paris, uma cidade muito bem preservada, não precisou pegar Praga emprestada, na República Tcheca, a Paris do Leste Europeu, por exemplo. Os franceses respeitam e protegem sua história. Por isso a França é a França e o Brasil é esse Renan aí, com cheiro de Lula podre.
Teori nasceu em Santa Catarina, estranho estado da Federação, como o Espírito Santo. Santa Catarina também é o estado da cidade de Chapecó.  O Chapecoense, time de futebol de Chapecó, como Teori Zavascki, também era natural de Santa Catarina e também morreu num acidente aéreo.
Por que Santa Catarina, Espírito Santo e Chapecó chamam-se Chapecó, Espírito Santo e Santa Catarina? Minas Gerais chama-se Minas Gerais porque tinha ou achavam que tinha minas de todos os minérios e pedras preciosas. É um nome ridículo e non sense, mas faz sentido.
Teori Zavascki! Zavascki me lembra “xavasca”, “nevasca”; como Chapecó me lembra “bocó”. Não sei por que Santa é Santa Catarina, mas tem a ver com Espírito Santo, num país católico como o Brasil.
Zavascki foi enterrado no Rio Grande do Sul onde fez carreira profissional e torcia pelo Grêmio, não pelo Chapecó. Rio Grande do Sul onde também fez besteira, perdão, a mineira Dilma Roussef, descendente de búlgaros, um dos países mais corruptos da Europa.
Zavascki era descendente de poloneses como seu colega Ricardo Lewandowski. Ambos nasceram em 1948. Zavascki foi nomeado para o Supremo Tribunal Federal pela pit búlgara Dilma. Lewandowski presidiu as sessões do processo de impeachment de Dilma.
Lewandowski na Polônia é como “Pereira” ou “Carvalho” no Brasil; como Kubistcheck na República Tcheca. Juscelino, descendente de tchecos, nasceu em Diamantina. A minissérie sobre sua vida, na Globo, não pôde ser filmada na detonada Diamantina, o cenário foi, de novo, Tiradentes. Tiradentes só escapou da destruição porque ficou esquecida durante 200 anos. Foi descoberta pelo terceiro todo poderoso da Globo, pai da Rede Globo Minas, Yves Alves, nos anos 1970.
O amigo de Teori, dono do avião em que morreram, era Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, dono de meio mundo e do Hotel Emiliano. Filgueiras pra mim, até então, era a terra de Salvador Dali, mas errei, a cidade é Figueres. Em português, no máximo, Figueras… Todavia e cotovia, Dali é personagem do filme “Meia Noite em Paris”.
E o nervo ciático do Carlos Alberto Fernandes Filgueiras tratado a pão de ló pela massagista massoterapeuta que não ousar dizer seu nome em vão? Melhor parar por aí.
E a febre amarela? Tá matando… Por que amarela? Olhos e pele ficam desta cor? Ataca o fígado, né? Icterícia. O “mordomo” da febre amarela é o popular e copular Aedes Aegypti, o mesmo da Dengue, Chicungunya e Zika. E o Barbeiro, Doença de Chagas? Nada a ver, por enquanto… Lepra… Peste Negra…  O Brasil está parecendo as Pragas do Aedes Egito…
Acho que tomei vacina contra a Amarela, quando fui à Cuba, em 2012. Ou foi contra Malária? E o Amarelão? “Anemia dos mineiros”, “Doença do Jeca Tatu”…
“Menina de dois anos morta por bala perdida, numa lanchonete da Zona Norte do Rio”. Que coisa medonha! Tão medonha quanto a gente já estar acostumado a isso. O absurdo, no Brasil, virou normal. O nome da menina? Sofia! Sofia sem escolha… Melhor lembrar a lanchonete da PUC/MG, onde tinha delicioso sanduíche de frango desfiado. O nome dele era ainda melhor: “Penoso”!
E em Natal, Rio Grande do Norte, continua o terror no presídio de Alcaçuz (corpos degolados e queimados, canibalismo) que tem vista pro mar. Estive lá, não no presídio, em Natal, 1984. Noite maravilhosa com uma moça, na praia deserta, ouvindo Ednardo e tomando uma cachaça engarrafada como cerveja Caracu, que meu pai adorava.
Alcaçuz, até então, era outra coisa, doce, como a boca da moça na praia deserta.  Alcaçuz era só anis, licor de anis que minha mãe fazia. Pastis, aperitivo, Ricard 51, bebida tipicamente francesa, doce, misturada com água e gelo, dá um porre… Mesma coisa que Arak na Turquia, Ouzo na Grécia.
PS: Paraty podia ser só a cidade, só a cachaça. Alcaçuz podia ser só o porre, o enjôo do açúcar do desejo. O mundo podia ser só Paris; lanchonete, apenas um lugar pra matar a fome.  Febre deveria ser sempre azul, como a Grécia, onde a gente tem vontade de mergulhar no céu.

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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