16 de abril de 2024
Walter Navarro

A dignidade que não rima com liberdade


Mesmo depois de ter trabalhado muito, neste 29 de abril, por causa de mais um feriado, no País dos Feriados, com repugnância e muita preguiça, vi-me obrigado a voltar à entrevista do ignóbil Lula, que ainda tanto repercute.
A preguiça é tanta, que ater-me-ei à apenas uma frase do Canalha, talvez a quem tenha sido mais divulgada. Mais condenada por quem tem nojo dele; mais enaltecida por cegos masoquistas, do tipo que andaria descalço por um lixão cheio de cacos de vidro e facas de Adélio.
Lula: “Fico preso cem anos. Mas não troco minha dignidade pela minha liberdade”.
Primeiro, meu caro, você não tem esta opção. Ninguém te propôs trocar uma coisa pela outra. No melhor estilo, “você compraria um carro usado do Lula?”. Do Lula não, perdão, de um amigo dele.
Até as mulheres e amantes dele devem ser dos amigos.
Trocar qualquer coisa, pela tua dignidade, equivaleria a comprar um tríplex na Lua, com vista para o mar da Terra.
Trocar tua dignidade é o mais alto grau do estelionato.
Tua dignidade mora na Lapônia com Papai Noel.
É um disco voador no aeroporto de São Tomé das Letras.
É inquilina de Peter Pan na Terra do Nunca.
É hóspede na Ilha da Fantasia ou na ilha de “Lost”.
Tua dignidade deve estar impregnada em alguma cortina de bordel.
Você Lula, falar em dignidade, só seria perdoável porque teu forte não é a língua portuguesa, com seus substantivos, adjetivos e sinônimos.
Se para Millôr Fernandes, liberdade é coisa de escravos, no teu caso, dignidade é da esfera dos bandidos.
Mas até te entendo. Vai que cola, né?
E colou como sorvetes na testa de seus seguidores. Por falar em seguidores fanáticos, você se identificou, na mesma sinistra entrevista, com Antônio Conselheiro, chamando Euclydes da Cunha de mentiroso. Como se você tivesse estofo para encarar Euclydes da Cunha. Tente, antes, se conseguir, ler e entender “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos.
Enfim, tua mensagem numa garrafa de 51 ou Romanée-Conti, colou como cartazes vagabundos grudados em postes sujos. E em poste você é PhD.
Mas antes do Tchau, Querido, mais uma coisinha da tua entrevistazinha.
Você disse que é daqueles predestinados a viver 120 anos. Deve ser por isso que está disposto a trocar tua liberdade de plástico por 100 anos de Solidão e cadeia.
Agora, além de correligionário do Inferno, quer ser eterno.
Olha aqui, Lula, nem todo Mal, nem as mais terríveis epidemias e pragas do Egito duraram 120 anos. Tua única chance é sobreviver à hecatombes atômicas, como as baratas.
PS: Tchau, querido!

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

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