A pesquisa Datafolha do último dia 19 mostra que tá pintando um clima entre os eleitores indecisos e Bolsonaro, nesta etapa final da corrida eleitoral.
Ele continua atrás do adversário mas a diferença de votos está ficando menor.
Parece que o clima do já ganhou de Lula levou um passa pra lá e agora eles estão tentando entender onde erraram. Podem estar avaliando que, talvez, não esteja surtindo efeito mostrar em campanha o mau-caratismo do Bolsonaro e expor a corrupção dele e de sua família. Pode estar tendo efeito rebote, já que corrupção tem de sobra dos dois lados.
Com base nos últimos acontecimentos seria difícil explicar como um candidato que pisa tanto na bola, dá tanto tiro no pé, ainda cresce na intenção de votos do eleitorado, mesmo que seu adversário não tenha se tornado, nesse período, um corrupto maior do que já era.
Eu tenho cá minhas teorias.
MENTIRAS
O presidente Bolsonaro fala em live que os nordestinos votam em Lula porque são analfabetos. Daí ele vai lá e fala pros nordestinos que é tudo mentira. Então o eleitor nordestino acaba acreditando que o tradutor em libras deve ter errado na hora da transmissão, muda o voto pra Bolsonaro e manda o intérprete pra pequepê.
Ele insiste em que Lula vai transformar o Brasil numa “Venezela” (ainda não aprendeu a falar Venezuela), enquanto que quem quer se perpetuar no poder, seguindo o modelo venezuelano, é ele próprio. Só pra lembrar, Bolsonaro disse em entrevista à Veja em 1999 que admirava Hugo Chávez, que ele era a esperança para a América Latina e gostaria que sua “filosofia chegasse ao Brasil “.
Pois não estamos muito longe disso. Os 33 milhões de brasileiros que passam fome não o deixam mentir.
USO DA MÁQUINA GOVERNAMENTAL
Como presidente, abriu a burra e injetou dinheiro na população mais pobre aumentando o auxílio para R$ 600 reais por família inscrita. A ajuda extra, porém só vale até dezembro e os beneficiados (leia-se eleitores) só vão sentir que caíram no conto do vigarista no ano que vem.
E pra mostrar sua “enorme preocupação com os pobres” liberou agora um empréstimo consignado para todos os beneficiários do Auxílio Brasil, apelido que deu ao Bolsa Família adotado por Lula, tão criticado por ele lá atrás.
Bolsonaro costumava chamar o programa de Bolsa Esmola que “só servia para compra de votos”. (Vale lembrar que o Bolsa Familia não é cria do Lula. Ele apenas unificou os programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Auxílio-gás criados no governo FHC e batizou com esse nome).
Passada a temporada das benesses, o pobre vai ter de se virar nos trinta pra pagar esse empréstimo, já que o auxílio agora de R$ 600,00 vai voltar para os R$ 400,00 atuais.
Mas como não reeleger esse presidente tããão bonzinho com R$ 2.600 no bolso, sacados diretamente na boca do caixa, né?
INTERFERÊNCIA NA PETROBRAS
E os não tão pobres que hoje acreditam que estão abastecendo seus veículos com a “gasolina mais barata do mundo” (outro conto do vigário) e que vão votar nele por esse motivo, irão descobrir no dia seguinte à eleição porque a Bomba de combustível tem esse nome.
EXPOSIÇÃO DE FALSA VIRILIDADE
Curiosamente essa pesquisa mostra que a intenção de votos ao Bolsonaro se manteve estável entre as mulheres mas cresceu entre os homens.
Pra isso também tenho uma teoria: certos tipos de homens, os que fazem arminha com as mãos (assim se sentem “armados”) idolatram atitudes de homens “imbrocháveis”.
Aquela live em que Bolsonaro disse ter “pintado um clima” entre ele e as meninas venezuelanas de 14 anos que julgava serem prostitutas deve ter despertado os instintos mais selvagens nos adoradores de mitos que fazem o gênero garanhão.
Panos pra manga para o Lula do PT, que continua brigando com os passa-panos de Jair do PL.
Pelo jeito essa rinha entre o galo garanhão e o galo de Garanhuns vai terminar com pena voando pra tudo quanto é lado.
E o povo, lamentavelmente, vai continuar nas mãos dos eternos Justos Veríssimos velhos de guerra da política nacional.
Mãe de filha única, de quatro gatos e avó de uma lindeza. Professora de formação e jornalista de coração. Casada com jornalista, trabalhou em vários jornais de Jundiaí, cidade onde mora.
