20 de abril de 2024
Editorial

Como funciona nossa democracia


O jornalista Ricardo Boechat foi muito feliz no seu comentário matinal na BandNews FM nesta semana, quando falou sobre a situação dos Três Poderes em nossa democracia.
Em outras palavras (não estou transcrevendo, mas sim citando o conteúdo), ele disse que a nossa democracia, com o funcionamento dos 3 Poderes lhe parecia como aquele paciente que está se sentindo mal, com um aperto no peito, tossindo e vai ao médico. Este pede um monte de exames e todos dão ótimos resultados, ou seja, seu coração está ótimo, rins, pulmões, intestinos e etc, estão funcionando normal e corretamente, logo, está tudo bem com ele. O paciente sai do consultório e diz pra si mesmo: “como posso estar bem se estou me sentindo tão mal?”.
É exatamente assim que estão os Poderes na democracia à brasileira: O STF, guardião da Constituição, está fazendo seu papel, julgando, embora lentamente, os casos que a eles chegam – se mal ou bem, é outro problema. O Executivo, tem seu presidente e alguns ministros, acusados de Lavagem de dinheiro, Corrupção passiva e Organização Criminosa, mas está tocando o país. O Legislativo, vem, através de suas duas Casas, formando Comissões, CPIs, julgando o Presidente e, às vezes, legislando. Ou seja, “os exames” estão ótimos, mas por que então eu, paciente, me sinto tão mal? Dá pra pensar, né?…
Mas, depois de ontem, ficou bem claro como funciona nossa democracia. Enquanto a Justiça só denunciava e jogava na prisão quem não tinha condições de bancar o custo dela e advogados, estava tudo bem. Quando começou a pegar peixe graúdo, com quartos cheios de dinheiro, propinas na cueca e outros lugares, sítios, tríplex, aviões a jato e por aí vai, pelegos e oportunistas voltam suas armas para a Justiça, o MP e a PF. E continuamos acreditando que as instituições estão em pleno funcionamento, e que a lei é para todos. Quando será a próxima distribuição do dinheiro público? Não temos crise econômica, e sim de caráter, ética, moral.
Pela segunda vez em menos de um ano, o STF “amarela” diante de um Senado que quer descumprir decisão da Corte. A primeira manteve na função Renan Calheiros, então presidente do Senado; agora, Aécio Neves é mantido no cargo. Numa decisão confusa, o STF determinou que “o Legislativo não pode revisar uma decisão do Judiciário, mas pode não acatar uma decisão do STF, se ela afetar o mandato de um parlamentar”. Entenderam? Pois é.
Meus pêsames à ministra Cármen Lúcia. Decepcionou os brasileiros, ao decidir que os congressistas devem dar a última palavra com relação à manutenção desses políticos ladrões e canalhas, a exemplo de Aécio Neves, nos cargos que ocupam. Nota zero para a senhora.
Se o paciente (os 3 Poderes) está tão bem, por que eu (cidadão) me sinto tão mal?

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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