18 de abril de 2024
Sylvia Belinky

Politicamente correto


Não deixa de ser muito interessante notar que estamos num momento geral de indefinições e incertezas; mas, ao mesmo tempo, de exigências extremas em relação às pessoas.
Explico: temos que ser felizes, gentis, simpáticos e acessíveis. Ao mesmo tempo, temos que  ser bem resolvidos e assertivos, passando, dessa forma, a melhor impressão possível.
Para facilitar nossa vida, entramos no Facebook e temos um sem número de testes que podemos fazer, que darão um diagnóstico com relação a quem somos, qual nossa possibilidade de fazer amigos, que nível de conhecimentos temos, nossa acuidade visual, se vemos o essencial e o quanto isso é suficiente para que nos tenhamos em alta conta – é claro que os outros, necessariamente deverão nos achar o máximo, depois de tão bem treinados!
E aí, descobrimos que temos que ser éticos, generosos, politicamente corretos… Pois, é: que sufoco! Essa parte é “a” mais difícil, uma vez que, se você for minimamente honesto, jamais será politicamente correto.
O negro não é negro, a criança não é mal educada, mas tem DDA, o sujeito que se dirige a você de forma desabrida: “E aí, tia?! Qual é? Vai sair ou vai ficar embaçando?” não é grosso, a velhice não é um saco, mas foi transformada na “melhor idade” – exatamente quando se tem menos saúde, menos dinheiro e menos possibilidades…
A cada semana, viceja uma nova teoria, uma nova causa pela qual nos bater, e a dessa é a proibição de, no exame do ENEM, os estudantes se declararem contra algum dos direitos humanos. Você é racista? Não gosta de judeus? Então, é zero e estamos conversados! Uma imposição dessa natureza e novamente estamos às voltas com a hipocrisia obrigatória…
No meio dessa semana, a previsão meteorológica anunciou que, no final da tarde, iria chover. Com a certeza dessa previsão, saem todos de casa com capa ou guarda-chuva e… chega o final da tarde, e a noite, e nada de chuva… que só dá as caras depois da meia-noite!
Isso me fez lembrar que a previsão meteorológica no Brasil sempre foi lastimável. Não sou capaz de dizer quando isso mudou, mas lembro que, quando começou a dar certo… a gente achava que era um acaso!
O que me pareceu interessante, foi verificar que a tudo nos acostumamos – só leva um pouco mais de tempo se for a algo ruim…
Um dos outros exemplos de que me lembro foi quando ouvi –ou será que li? – que se soubéssemos das mazelas de pessoas que admiramos e, por vezes, invejamos, jamais trocaríamos as nossas pelas delas.
No mundo de hoje em que absolutamente nada é constante a não ser as mudanças, tentamos de todas as formas nos iludir ou deixar que terceiros o façam; creio que descobri o porquê de elegermos sempre os mesmos cafajestes…

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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