7 de setembro de 2024
Sylvia Belinky

A tragédia no Rio Grande do Sul

Na segunda-feira passada, assistindo ao Roda Viva, prestigiado programa de entrevistas, usualmente bem-feitas e com pessoas interessantes, vi a entrevista feita com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Transmitida diretamente de Porto Alegre, do Teatro São Pedro – que não se perca pelo nome e nem pela cheia devastadora do estado – pois parte dos entrevistadores deslocaram-se para lá.

Pela primeira vez, desde que tomei ciência da existência de Vera Magalhães (por ocasião de seu entrevero com Bolsonaro), “orquestradora” dessas entrevistas, ela me decepcionou profundamente.

Claramente presentes para inquirir e emparedar o governador que, em nenhum momento se furtou a responder todas as perguntas que lhe foram feitas, e a assertiva simplesmente cretina, como por exemplo: “Não lhe parece que meses até a reabertura do aeroporto Salgado Filho, o principal do estado, seja demasiado”?

Respondo eu, que pouco mais sei do que as imagens que vi: Ora, choveu 1000 mm, ou toda a chuva prevista para um ano em alguns dias. Essa chuva inundou o estado inteiro que, sendo uma planície, revelou-se uma piscina perfeita… O rio Guaíba subiu mais de 5 metros, cobriu todo o aeroporto. Que milagre daria para fazer? Drenar toda essa enormidade de água, de que forma?

Minha solidariedade para com essa gente advém do fato de eu me imaginar na pele de qualquer um deles, sem ter para onde correr, para onde se socorrer, contando tão somente com a solidariedade, que não faltou em nenhum momento; como não daria para ser diferente.

Um estado de pessoas sabidamente valentes e de brio, que eu confio que vá se reerguer muito mais rapidamente do que qualquer outro da União, pois nesse programa, em que Eduardo Leite demonstrou sua força e seu caráter perante tal hecatombe, mostrou profundo conhecimento do problema com postura de estadista, se vê emparedado por perguntas absurdas, tais como a de Samanta Klein: “E se acontecer outra dessas chuvas em duas semanas”?

Acredito na imprensa livre – se assim não fosse, eu não escreveria em um jornal francamente bolsonarista; eu, que tenho verdadeiro horror a essa criatura – não que também não tenha de Lula… Triste este país que nos oferece como opção a cruz ou a caldeirinha. Coloque-se a ressalva de que, ao menos inteligência, ninguém pode negar a Lula, diferentemente de Bolsonaro.

Fato é que, se não por motivos humanitários reais, Lula está ajudando o Rio Grande do Sul, uma vez que o apoio político, vindo de um reduto eminentemente bolsonarista, é excelente para ele.

O festival de perguntas cretinas foi desalentador, mas suas respostas prontas e claras mostraram o porquê de o povo gaúcho tê-lo reeleito.

Há muito tempo não me sentia tão brasileira, tão irmanada com todos os meus semelhantes nascidos neste País. Somos todos irmãos, todos brasileiros; de onde quer que tenhamos vindo e a solidariedade de todos os cantos deste imenso País demonstra isso.

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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