8 de maio de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Gatos

Sou gateira, confesso. Na verdade, adoro todos os bichos, mas os gatos me fascinam com seu jeito de “não estou nem aí pra você”, que imediatamente desmentem, vindo para seu colo, ronronando, mostrando que te amam mas que não abrem mão (pata) de só vir quando quer – e isso não me importa minimamente, importante é dar e receber amor – o resto é isto, resto!

Antes de me mudar para este condomínio onde moro, eu tive 4 gatas, sendo que a última morreu com 23 anos, a Tininha, uma gata siamesa que encontrei numa enxurrada, na Assembleia Legislativa – eu a livrei de um bando de ratazanas e também por isso ela viveu muito e feliz!

Ao me ver sem gatos, depois de um ano, fui à luta, desta vez buscando uma gatinha preta; como é público e notório, são os gatos pretos os mais sujeitos a maus tratos, devido à ignorância das pessoas.

Parece que são também os mais carinhosos, possivelmente como forma de compensação… tive uma gatinha preta, a Tunga, de saudosíssima memória, que minha avó, com quem eu morava na época, me obrigou a dar de presente porque ela detestava gatos…

Aí começou a saga, uma vez que fui buscar um gatinho em ONGs: ”sua casa tem rota de fuga?”

Bom, quem tem ou teve gato sabe que, se ele cismar, vai esperar uma distração sua e… fui! E alguém que sempre teve gatos como eu, alguma experiência deve ter…

  • “Não tem não, moça, já pus tela em todas as janelas, cerquei o quintalzinho, a área de serviço…”
  • “Mas vamos ter que ir aí verificar e se não aprovarmos…”
  • “Mas moça, eu quero só um gatinho vira-latas para cuidar! ”

Caramba! Que desaforo! Eu, uma emérita possuidora de animais adotados, sendo posta à prova?

E minha sobrinha, que tem uma amiga cuja mãe é veterinária, me recomenda como sendo “de confiança” e essa pessoa me liga:

  • “Tenho um machinho preto” – tá, abro mão do sexo – “já castrado, vermifugado, 4 meses…”
  • “ Eu fico!”

E vem a parte que eu não esperava: sabida, a doutora me manda um vídeo, dizendo:

  • “Ele tem um irmãozinho, todo branquinho, com quem brinca muito bem. Morro de dó de separá-los… A senhora não ficaria com os dois?”.

Fiquei.

E o “gato de contrabando” revela-se um sufoco: tudo cercado e ele foge pelo buraco da chaminé da churrasqueira!

O fujão “convida” o irmão que, sendo preto, sofre maior risco e, num dia de perseguição aos gatos pretos, ele foge e não o encontro mais!

E eu, que jamais quis ou curti um gato branco, fiquei só com ele, que sofre uma mudança de personalidade inacreditável, torna-se mais dócil e sociável, claramente feliz por ser “gato único”!

E vocês perguntarão por que eu falo de gatos; e eu respondo que porque já cansei de falar de gatunos que se arvoram em paladinos da verdade e defensores da pátria, de qualquer pátria, não só da nossa, já que eles se espalharam feito praga, por tudo quanto é lugar do planeta!

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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