8 de maio de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Faceira e coquete

Recuso-me a acompanhar o microcosmo em que se transformou este país e discutir os roubos de ambos os nossos presidentes, o que era e o que é.
Não quero discutir, prestar atenção no fato de que esta terrinha, que prometia se transformar numa republiqueta de bananas, deixou de ser promessa e se tornou realidade nua e crua…

A dinastia daqueles que pretendiam ser e acabaram sem de fato terem sido, uma família de energúmenos cheios de si, tão parecidos com o fundador, aquele para quem sobraram trapalhadas e faltou um mínimo de inteligência: defenestrou todos os que lhes estavam bem próximos, deixando-os ao Deus dará – e à mercê da justiça que, com seu braço longo e peludo, se não os alcançar agora, o fará mais tarde, para tentar deixar claro que o crime não compensa – o que, todos sabemos que, com inteligência, compensa sim e muuuuuuuuiiiiiiito!

Para a minha crônica de hoje, vou falar de amenidades, usar palavras bem antiguinhas e me dar o luxo de parecer fútil e coquete (amei poder usar esta palavra, totalmente em desuso e tão simpática).

O dicionário diz que coquete é “faceira” – outra palavrinha que ninguém usa mais – e define alguém que se arruma para despertar admiração, o que, em termos, é o que faço!

Quando jovem, e já faz tempo, queria que vissem que eu era “diferente”: mandava fazer minhas roupas, porque não curto babados, franzidos, “modinha” e “andar de uniforme” com meio mundo – fora da escola, bem entendido!

Namoradeira é também, segundo o dicionário, sinônimo de coquete. Mas, isto eu jamais fui, não por convicção, mas por medo mesmo – vai que encontro um dos dois ao sair com o “outro” … e sou do tipo que assume as bobagens que faz (defeito de fabricação, imagino!).

Quando eu tinha doze anos, fui autorizada a fazer as unhas, não porque meu pai fosse um cara “liberal”, mas por que ele achava que, fazendo assim, eu deixaria de roê-las. Meu sonho, na época, era poder pintá-las, passar esmalte. Mas, isso não me foi permitido – no máximo, uma base incolor…

O tempo foi passando e, como tudo que é difícil tem mais valor, por volta dos vinte anos, apaixonei-me por uma cor: um vermelho maravilhoso, que, na época era importado, pois era da Revlon, que usei por mais de quinze anos até que surgisse um vermelho nacional equiparável!

Tenho uma irmãzinha (vinte e três anos mais nova do que eu) que nunca se conformou com essa fidelidade. Para brincar com ela, numa ocasião especial, mandei uma foto das minhas unhas pintadas de… azul metálico, cúmulo da ousadia para mim!

Triste foi precisar ir a um funeral e ficar me sentindo meio carnavalescas com aquelas “unhas cheguei” e passar o tempo todo tentando não chamar a atenção para elas.

De modo que sempre mantive o cuidado com as unhas – também as dos pés – e, até hoje, vou pintá-las todas as semanas! Digo pintar pois sou mesma quem tira as cutículas!

O único problema grave: o pé fica cada dia mais distante por conta dos quilos a mais e das dores generalizadas nas juntas…

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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