Um fardo chamado Bolsonaro.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL que hoje abriga e paga as contas de Bolsonaro, terá que tomar dentro de quatro a cinco meses uma decisão importante para o futuro do seu partido. A saber: com quem o PL não poderá se aliar nas eleições de 2024?
Se depender de Bolsonaro, o PL poderá se aliar a qualquer partido – menos com o PT que vê como seu inimigo. Na semana passada, o Diretório Nacional do PT abriu a porta a alianças com a esquerda e a direita, até mesmo com o PL de Costa Neto e Bolsonaro. E aí?
Uma fatia pequena do PL tem votado com o PT em projetos aprovados pela Câmara. Um deles foi o da reestruturação do governo que lhe deu a cara que ele tem hoje. Oito deputados do PL foram punidos com a perda de vagas em comissões técnicas.
No Rio, Ceará, Maranhão e Bahia, pelo menos, avançam negociações que podem juntar em um mesmo palanque o PL e o PT. O Rio é reduto eleitoral de Bolsonaro, mas hoje quem ali dá as cartas é o governador Cláudio de Castro (PL), próximo de Lula.
A trajetória política ladeira abaixo de Bolsonaro começou a ser medida pelas pesquisas. Em São Paulo, ele quer apoiar na capital o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição. Ocorre que seu apoio, se aberto, poderá prejudicar Nunes.
Não há boas notícias à vista para Bolsonaro. A Justiça está no seu encalço e ele deverá amargar novas condenações. Agradeça a Deus se não for preso. Costa Neto é o mais experiente dos atuais presidentes de partido, o mais calejado.
Quem já foi capaz de atrás das grades nomear ministros e influenciar os rumos de governos, saberá o que fazer quando chegar a hora.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.