Foi num dia qualquer de janeiro último.
Ex-secretário da Receita Federal, consultor de empresas, o pernambucano Everardo Maciel soube que o senador Major Olímpio (PSL-SP) queria se reunir com ele virtualmente. E assim aconteceu.
Olímpio havia lido um artigo de Maciel sobre reforma tributária e ele fazia parte da comissão do Senado que estudava o assunto.
Maciel foi direto e franco como de hábito: “Em meio a uma pandemia, falar em reforma tributária é vigarice”.
E comparou:
- Em meio a um incêndio, como se poderia discutir o futuro da humanidade? Em meio a uma pandemia, só cabe discutir vacinas.
Refeito do susto que levou, o senador perguntou a Maciel o que ele sugeria. E o ex-secretário da Receita sugeriu que apresentasse uma proposta de emenda à Constituição para isentar de tributos por 5 anos a compra, produção, transporte e aplicação de vacinas.
- O senhor poderia me ajudar a redigir a emenda?
- Posso.
- E quanto tempo precisa para a redação?
- Duas horas – respondeu Maciel.
Ainda em janeiro, o Major Olímpio registrou no Senado a proposta de emenda…
Mas para que ela começasse a tramitar seria necessário o apoio de 1/3 dos seus colegas – 27. Em meados de fevereiro, Olímpio interrompeu a coleta de assinaturas.
Em pouco tempo, obtivera 17, mas já não se sentia bem.
Morreu vencido pelo vírus aos 58 anos de idade, depois de um período de internação que o levou a ser entubado duas vezes.
Deixa mulher, dois filhos e uma proposta que o Senado poderia levar adiante.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.