Se tem uma coisa que a direita brasileira domina é a arte de fazer barulho. Não é exatamente música, muito menos discurso consistente — é barulho mesmo, daqueles que incomodam até vizinho de três quarteirões de distância. O detalhe é que até surdo escuta, mas não porque queira, e sim porque o som é tão estridente quanto panela batida às dez da noite em protesto de condomínio.
Eles se vendem como a “voz do povo”, mas soam mais como carro de som de propaganda eleitoral rodando no domingo às sete da manhã: irritam, acordam todo mundo e, no fim, ninguém entende direito a mensagem. É o show da oratória da indignação — recheado de frases de efeito copiadas de grupos de WhatsApp e temperadas com aquela pitada de “verdades absolutas” que só existem na cabeça de quem grita.
E como se não bastasse o barulho, ainda há os ataques internos. Segundo a CNN Brasil: “Carlos Bolsonaro diz que governadores de direita agem como ratos”.
Sem citar nomes, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que, enquanto o pai está preso, os “direitistas se calam”; mensagem reforçada pelo irmão Eduardo. Carlos ainda citou “presos políticos” em referência aos envolvidos no 8 de janeiro e disparou contra seus próprios aliados: “A verdade é dura: todos vocês se comportam como ratos, sacrificam o povo pelo poder e não são em nada diferentes dos petistas que dizem combater. Limitam-se a gritar ‘fora PT’, mas não entregam liderança.
Querem apenas herdar o espólio de Bolsonaro, se encostando nele de forma vergonhosa e patética”.
Ou seja, até dentro do zoológico da direita, o barulho virou guerra de microfones. Agora não são apenas os adversários os alvos dos gritos, mas também os próprios “companheiros de trincheira” — acusados de ratos, traidores e oportunistas.
Se a direita fosse uma banda, seria o clássico cover de boteco: desafinada, barulhenta, mas com os microfones no talo para disfarçar a falta de talento. O público aplaude não pela qualidade, mas pelo espetáculo circense do exagero.
E o Brasil, no meio disso, parece plateia de show ruim: sem opção de levantar e ir embora, obrigado a escutar uma barulheira que promete “salvar a pátria”, mas não consegue nem salvar o próprio discurso da contradição.
No fundo, esse barulho todo não é para convencer ninguém — é para não deixar ninguém pensar. Afinal, quando falta melodia, a saída é aumentar o volume.
Talvez esteja na hora de o povo brasileiro, mesmo com os ouvidos estourados, começar a responder com um sonoro e irônico: “fala mais baixo que ninguém tá te entendendo!”
Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade do Estado da Bahia (1987)-UNEB e graduação em bacharelado em administração de empresa – FACAPE pela FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS DE PETROLINA (1985). Pós-Graduado em PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL. Licenciatura em Matemática pela UNIVASF – Universidade Federal do São Francisco . Atualmente é proprietário e redator – chefe do blog o ProfessorTM
