11 de setembro de 2025
Paulo Polzonoff Jr

Se os EUA invadissem o Brasil, você ficaria de que lado?

Tropas norte-americanas invadem o Brasil. (Foto: ChatGPT)

É, Brasil, a coisa não está nada fácil para o seu lado, não. As notícias dão conta de que uma fragata norte-americana se aproxima do litoral da Venezuela. Além disso, a porta-voz do governo Trump declarou que os Estados Unidos estariam dispostos a usar toda a força para depor o ditador Nicolás Maduro, amigão do Lula. E aqui a cereja do bolo: um avião misterioso, supostamente ligado à CIA, pousou em Porto Alegre. O que pode significar tudo, alguma coisa – ou nada.

Some-se a isso as sanções impostas pelos EUA a autoridades brasileiras, as bravatas do Lula e dos ministros do STF, a estupidez de Celso Amorim, a heterodoxia diplomática do Itamaraty, o alinhamento do governo brasileiro a regimes ditatoriais ao redor do mundo, os gritos de “soberania nacional!”, etc. E chegamos à pergunta hipotética e divertidamente paranoica do título: se os Estados Unidos invadissem o Brasil hoje, amanhã ou depois, você ficaria de que lado?

Brasilsãodemeudeus

Feita assim, porém, a pergunta pode induzir o leitor ao erro. Porque pega mal para alguém que sai às ruas de verde e amarelo exigindo liberdade… dizer que, no caso de uma invasão ianque, ficaria do lado do invasor. Reformulemos, pois, a questão: você arriscaria a vida e sacrificaria esse seu cotidiano de conforto e relativa paz para defender isso que temos aí? O Sistema. Lula. O STF. O Congresso. O complexo de censura. As facções. Imposto e mais imposto vezes imposto. Enfim, isso a que chamamos de Brasil?

Calma, nacionalista! Não fique brabo. E veja só como é difícil propor a reflexão. Ao reformular a pergunta sobre seu posicionamento no caso de uma improbabilíssima invasão norte-americana, ressaltei apenas as coisas ruins deste nosso Brasilsãodemeudeus. Não é justo. Porque o Brasil tem muita coisas boas pelas quais valeria a pena lutar e, a julgar pelo estado de penúria das nossas Forças Armadas, morrer. Como por exemplo… É… Tipo… Deixa eu pensar… Bom, não me ocorre nada no momento. Mas que tem, tem. Ou deve ter.

Nós contra eles

O que me traz a uma reflexão antiga: ainda somos um povo, uma nação? Se sim, quais são os elementos que nos unem? Quais os interesses comuns que justificariam, hoje, a defesa da tão apregoada soberania nacional? Aliás, o que significa realmente, concretamente, essa tal de “soberania”? Mais: será que um soldado pernambucano petista estaria disposto a morrer ao lado de um catarinense bolsonarista? E novamente: por quê, em nome de quê?

Esse monte de perguntas revela o tamanho do buraco em que estamos, bem como o estrago causado por no mínimo duas décadas de uma disputa fratricida pelo poder, com a consolidação da política do “nós contra eles”. Afinal, como ser patriota, patriota de verdade, sob um governo que ridiculariza o patriotismo, que transforma as Forças Armadas em motivo de chacota e que se submete voluntariamente às potências estrangeiras ideologicamente alinhadas, como a China?

Quem diria?

Por isso, no caso de uma invasão norte-americana ao Brasil, por mais improvável que ela seja e é, graças a Deus, estamos aqui apenas divagando, viajando na maionese mesmo, não me vejo pegando em armas, todo paramentado de verde-oliva, e me alimentando de rapadura numa trincheira cavada num lugar qualquer do cerrado, enquanto o porta-aviões U.S.S. Trump avança rumo ao lago Paranoá. Não.

Me vejo, isso sim, de pé na sacada do meu apartamento. Ao longe, escuto um caça F-35 quebrando a barreira do som. “Quem diria?”, me pergunto. “Quem diria que um dia eu viveria para ver a guerra”. Estou velho. Ao meu redor, só escombros reais e metafóricos disso aqui ô ô, que já foi um pouquinho do Brasil iá iá, daquele Brasil que cantava e era feliz, feliz, feliz. Abro uma Coca-Cola bem gelada. Acendo um Lucky Strike. E, tragando longa e resignadamente, canto: “Oh, say, can you see…”

Fonte: Gazeta do Povo

Paulo Polzonoff Jr

Jornalista, tradutor e escritor.

Jornalista, tradutor e escritor.

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