Chico Anysio, o maior humorista e um dos grandes atores que o Brasil teve, morreu esquecido, sem homenagens e reverencias.
De lambuja, para consolo, teve uma curva de uma via, feia e de arredores fedorentos, cercada de criminosos, batizada com seu nome. Não, não foi uma rua, uma estrada, muito menos uma ponte interestadual, foi uma curva.
Verdade, ele não era de esquerda e não alimentava sua poupança pela “Lei Rouanet”.
Ele, é verdade, não fazia apologia de identidade de gênero (a maior babaquice que ja conheci na vida) e, tampouco, era um hipócrita que vivesse segundo as ”leis” do politicamente correto.
Chico viveu e criou personagens da realidade do povo e do folclore brasileiro com total imparcialidade e distanciamento político, apesar e mesmo, sendo político. Nele, tudo era autêntico e inconfundível.
Em seus personagens víamos a alma do nosso povo e, neles, ecoavam, divertidamente, nossos protestos e dores.
Chico nunca levantou bandeiras contra isso ou aquilo, apenas, constatava e transformava em humor nossas chagas e feridas.
Falava do rico e do pobre.
Do garanhão e do gay.
Encarnava pastores e pais de santo.
Políticos e dondocas.
Criava índios e caçadores.
Enfim, Chico Anysio está para o humor, assim como Nelson Rodrigues para a dramaturgia; dois insuperáveis nomes que desvendaram a alma do brasileiro com maestria e isenção.
Mas, hoje, estamos tão medíocres em valores e conhecimento que topamos reconhecer nomes que nada representaram, de fato, a não ser, narrativas e retóricas da empulhação demagoga e mistificadora do politicamente correto.
A César, o que é de César.
Para bom entendedor, pingo é letra.
Salve Chico Anysio!
Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.