28 de março de 2024
Colunistas Paulo Antonini

A memória é uma merda

Imagem: Google Imagens – YouTube

A primeira vez que vi o falecido…foi…em…em…, bem, não me lembro ao certo, mas tenho a certeza de tê-lo visto…ví! Yenho certeza… mas, aonde mesmo?

Não vem ao caso, na minha idade é bem natural haver esses lapsos de memória. Mas, como eu ia dizendo, o falecido que eu vi pela primeira vez, lá em, na…Ahhh! – já lembrei, lembrei que havia me esquecido esse detalhe pela falta de memória, não importa, ele era uma pessoa incrível, cheio de talento, generoso até não poder mais.

Lembro…Tá rindo de quê? Lembro, sim, lembro que ele ofereceu a uma criança uma bala que ele havia recebido de um fã e se deu conta que essa criança não tirava os olhos da bala, ou não tirava os olhos dele…

Bem, sei lá, só sei que ele era muito generoso.

Continuando: antes que eu esqueça algum detalhe, claro, histórias sem os detalhes não prendem a atenção de ninguém. Então, minha mãe me levou ao teatro em 1968. Não, não foi em 1978, 88, era minha mãe, mesmo, que me levou? Deixa eu lembrar… Lembrei! Foi meu tio, sim, meu tio meu levou ao teatro e assistimos à peça que ele ainda jovem interpretava o papel do personagem… putz!!!

Vcs querem que eu lembre de tudo nos mínimos detalhes? Então, vamos lá, o personagem era… ou poderia ter sido… era um papel sem muito significado pra falar a verdade, mas, foi aí que todos perceberam seu valor, que talento!!! Brilhou e fez um personagem sem valor ficar riquíssimo e daí ganhar o mundo com muito sucesso.

Daqui a pouco eu lembro o personagem, desculpem, mas não dá pra lembrar de tudo. Como eu dizia, ele era amável, talentoso, generoso e sempre muito educado com seus fãs.

Só 450 vezes, que o vi ou ouvi ou teriam me contado? Não tenho certeza, o fato é que só essas poucas 450 vezes, ele mandou alguém ir “praquele” lugar, vocês sabem qual, não sabem ou terei de me lembrar até disso?

Vocês não dão descanso pra minha memória. Vamos lá…

Eu, nesse dia no teatro que não lembro bem se com meu tio ou minha mãe… falando merda!!!

Claro que lembro, foi minha mãe, jamais me esqueceria disso, ao chegar no teatro fomos recebidos – ao vivo – por ele, logo ele que estava na porta recebendo os tickets da entrada… da entrada??? Pera aí, não, não, ele era ator e não o porteiro. Talvez a produção não tivesse dinheiro pra ter porteiro e ele mesmo recebeu.

Não disse que ele era generoso e simples? Pois bem, jamais poderia imaginar que aquele homem se tornaria tão famoso. E foi o que aconteceu, e agora com sua morte ficará uma lacuna nas artes que jamais se fechará…

Deixa eu continuar a historia, já estão matando o sujeito antes do fim, quer dizer, do fim da história ou… não, da historia de quando eu o vi pela primeira vez.

Porra! Me deixem continuar.

Então, a última vez que pude vê-lo foi já maduro, não o da Venezuela, cruz credo, Deus me livre, quero dizer, ele já experiente, entenderam? Foi na novela do Bráulio… não, essa não foi a última, foi a segunda.

Acho que foi na novela da Janete Clair que escreveu junta a Shakespeare, não o do Bob’s nem do milk, mas o Willian, do Bonner, sim, eles escreveram essa incrível novela que se chamava… se chamava… não importa, todos um dia chegarão nessa fase.

Gente, o nome da novela não vai mudar o que quero dizer a vocês, definitivamente é:

Foi o maior ator do teatro nacional. Perdemos uma referência que a mim tudo ensinou, foi muito mais que um amigo, foi… foi um… porra! Foi um… esse filho da puta até morto me sacaneia.

Deixa tudo isso pra lá e aperta um… mas não acende agora, se não, esqueço de tudo.

Não disse? Esqueci o fósforo.

Paulo Antonini

Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.

Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.

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