23 de abril de 2024
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É doença?

Acompanho a discussão brasileira sobre a pedofilia e acho que, para variar, falta bom senso. Nossos pensadores de vanguarda, agonia e êxtase da surreal esquerda patropi, preocupam-se com o pedófilo. A criança, crucificada e destruída emocionalmente para o resto da vida, não lhes interessa.

Há cerca de três anos, assisti, aqui em Portugal, uma palestra sobre distúrbios de conduta. A palestrante, uma psicóloga francesa, deixou esse tema para o final e surpreendeu a plateia ao afirmar que, sim, a pedofilia é uma doença. Para piorar, incurável. Não adianta nenhum tratamento, nem mesmo a castração química, porque o mal está na psiquê.
A audiência se surpreendeu, ninguém consegue perdoar ato tão horrendo. Mas, para nosso alívio, a psicóloga confessou que também ela se angustiou durante todo o tempo em que preparou a sua tese de doutorado sobre alguns distúrbios comportamentais. Entre eles, a pedofilia.
Após muitas pesquisas, leituras e entrevistas com vítimas desse crime, ela concluiu que a infância precisa ser protegida. Segundo a doutora, entre um doente mental satisfeito (esse classificação doente mental é por minha conta) e uma criança destroçada, ela acredita que a nossa obrigação é proteger a criança. Até porque, explicou, os pedófilos sofrem de compulsões incontroláveis, são predadores. Mesmo após penalizados, voltam a atacar.
Isso não significa, na opinião da palestrante, punir o doente com as penas da lei. Porém é necessário, sem perder a consciência de sua precariedade psíquica, afastá-lo definitivamente do convívio social. Se um pedófilo precisa de apoio e a sociedade de segurança, a solução seria recolher tais doentes à uma instituição onde fossem bem tratados, recebessem a devida atenção e nunca mais voltassem à liberdade. Uma espécie de prisão perpétua confortável.
Talvez na França, na Suécia, na Noruega, países ricos, em condições de construir e sustentar hospícios para pedófilos, tal solução dê certo. No Brasil, com os seus hospitais psiquiátricos de quinto mundo, custo a crer que funcione.
Mas concordo com a doutora. Entre um pedófilo e uma criança, sempre defenderei a criança. Seria maravilhoso se o Brasil tivesse desenvolvimento suficiente para trancafiar os pedófilos sem os maltratar e sem jamais devolvê-los à sociedade.
Como isso, infelizmente, é impossível, coloco-me na posição de uma avó que teve a neta ou o neto violentados. Confesso que viraria bicho, nem lembraria da palestra.
Avós também são predadores quando um neto é atacado.
Pais, idem.
Complicada essa equação.

O Boletim

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