Diversos fatores podem explicar o elo entre depressão e doenças do coração sendo os mais estudados: as alterações nas plaquetas, a inflamação e o aumento da atividade do sistema nervoso simpático, com produção excessiva do neurotransmissor noradrenalina.
Durante o processo inflamatório, certos anticorpos podem atravessar rumo ao sistema nervoso central devido ao aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica e provocar sintomas psiquiátricos ou neurológicos.
Pela linha atual de estudos, podemos ter o desencadeamento de depressão após infecções ou doenças autoimunes.
Considerando que a atividade inflamatória possa fazer parte tanto da depressão quanto das doenças cardiovasculares, ambas condições podem ter sintomas semelhantes como fadiga, anorexia, redução da interação com tendência ao isolamento, além de prejuízo do sono e diminuição da atenção. Esse mecanismo seria uma espécie de efeito protetor contra a perda de energia e de autodefesa do nosso organismo.
Pessoas com doença coronariana possuem um agravamento da doença quando se encontram deprimidas.
Muitos justificam isso ao fato de que deprimidos praticam menos atividades físicas e se alimentem mal, com pouca aderência ao tratamento cardiológico devido à falta de motivação e energia típicas de quadros depressivos. Mas o fator realmente importante é a alteração da atividade inflamatória, atualmente uma área em efervescência científica.
Essa questão é tão importante que sujeitos deprimidos têm um risco de mortalidade quatro vezes maior após 6 a 18 meses do evento de infarto agudo do miocárdio.
A Associação Americana de Cardiologia recomenda como uma de suas principais diretrizes na atualidade o tratamento antidepressivo obrigatório dos pacientes cardíacos deprimidos a fim de melhorar o prognóstico da doença cardíaca.
Evidências atuais demonstram que os antidepressivos que regulam a concentração de serotonina têm um efeito cardioprotetor em torno de 60%.
Concluindo, estudarmos melhor as causas comuns da depressão e das doenças cardiovasculares é obrigatório porque se trata de um problema de saúde pública e de grande repercussão à funcionalidade e qualidade de vida.