18 de maio de 2024
Cinema

Intimidade / Intimidad (por Sergio Vaz)

De: Verónica Fernández, Laura Sarmiento Pallarés, criadoras, Espanha, 2022

Nota: ★★★½ (Disponível na Netflix)

Intimidade, série espanhola, mais especificamente basca, lançada mundialmente em junho de 2022 pela Netflix, é uma obra feminina. Definitiva, escandalosa, maravilhosamente feminina. E excelente, brilhante, cinema da mais alta qualidade.

São mulheres as duas criadoras, autoras do argumento e também do roteiro, Verónica Fernández e Laura Sarmiento Pallarés. É mulher a produtora, Ane Barcena. E são mulheres as seis personagens mais importantes da história contada ao longo de oito episódios de cerca de 50 minutos cada, que passam depressa demais, como acontece sempre com filmes e/ou séries boas, e quando terminam deixam um gostinho de quero mais no espectador.

Foi feita uma foto para o marketing da série com as seis atrizes lado a lado, um still, como ficaram conhecidas essas peças de propaganda na Hollywood do sistema de estúdios – uma foto que é uma beleza. Seis boas atrizes da Espanha de hoje, em idades que variam, no ano de lançamento, de 60 a 24 anos de idade. Seis personagens interessantes, bem construídas, bem interpretadas. Boto a foto aqui de cara:

Uma obra feminina, excelente, cinema de primeira. E que é também corajosa.

Intimidad é uma declaração de princípios, um discurso, um panfleto.

Conta as histórias paralelas de duas mulheres – que não se conhecem, mas são da mesma cidade, Bilbao, a metrópole do País Basco – filmadas fazendo sexo. E que têm as imagens de sua intimidade divulgadas.

Intimidad defende – com garra, vigor, paixão – que as mulheres que têm suas imagens mais íntimas divulgadas não devem sentir vergonha. Que as mulher fazerem o que bem entenderem, em sua intimidade, é um direito absoluto – e divulgar imagens daquela intimidade é violação, e é crime.

As mulheres não devem sentir vergonha – devem lutar para que os criminosos que violaram sua intimidade sejam devidamente punidos.

Uau!

Não é pouca coisa, não. De jeito algum.

O espectador ouve o que as personagens pensam

As autoras e roteiristas Verónica Fernández e Laura Sarmiento Pallarés escolheram abrir a série apresentando quase simultaneamente as duas mulheres que sofrem a violação de sua intimidade. A montagem das sequências de duas histórias diferentes é muito bem feita, de maneira a deixar – propositadissimamente, é claro – o espectador um tanto zonzo nos primeiros minutos, sem saber o que uma coisa tem a ver com a outra.

As primeiras imagens que vemos são do mar. Rochedos junto do mar, uma praia. Um corpo dentro do mar. Uma voz de mulher em off. Uma jovem mulher na praia deserta, completamente vestida, com um casaco – evidentemente é inverno. A jovem vai entrando no mar, caminhando. Corta, outra tomada mostra um corpo de pessoa inteiramente vestida morta no meio do mar. E vamos ouvindo a voz em off daquela mulher que entrou no mar para se matar.

As autoras desconstroem ao mesmo tempo a cronologia – alternam tomadas da moça viva com outras da moça morta –, e a lógica, já que ela, a própria suicida, faz considerações sobre sua vida e sua morte:

– “Não me olhe assim. Eu também não esperava que esse fosse o meu fim. Estava tranquila, como você. Pensando que minha vida ia bem, mas me traíram. Nunca confiou demais em alguém? Eu já. Pensa estar segura, mas não está. No fundo, todos escondemos alguma coisa. E trememos ao pensar no que aconteceria se alguém descobrisse. Você também.”

Essa sequência dura menos de dois minutos. Corta, e vemos tomadas gerais de uma bela cidade – Bilbao, saberemos bem rapidamente –, enquanto vão rolando na tela os nomes das seis atrizes principais. Logo ficamos conhecendo uma segunda mulher – Malen Zubiri (o papel de Itziar Ituño, na foto abaixo), a vice-prefeita da cidade, cotada para ser candidata a prefeita nas eleições seguintes.

Malen participa de uma reunião com grandes empresários do setor imobiliário. Ela tem planos de regular o mercado – e, naturalmente, os empresários são contra. Assim que termina a reunião, ouvimos a voz em off de Malen, conversando consigo mesma:

– “Malen, eles não te vêem. Só vêem o seu sucesso. Você sabe o que te custou chegar até aqui. Vencer os outros. Vencer a si mesma. Você já pensou em desistir, mas se preocupa com a sua cidade. Os outros acreditem ou não. E, ao menos uma vez, não quer que eles ganhem. Aproveite, Malen. Aproveite a última hora antes que sua vida mude.”

A vida da vice-prefeita Malen muda quando essa fala dela consigo mesmo termina, e a série não chegou sequer aos 5 minutos do primeiro episódio: as emissoras de rádio e TV começam a divulgar massivamente a informação de que estava em exposição na internet um filmete mostrado cenas de sexo de Malen com um homem jovem, em uma praia.

Essa coisa de uma a uma as mulheres que são as protagonistas da série falarem em voz alta (e off) o que estão pensando, o que estão sentindo, é uma das características formais mais interessantes da série Intimidad. É uma bela sacada, que é muito bem usada – e se beneficia do fato que os textos desses monólogos são todos muito bonitos, muito bem construídos.

São duas características formais muito fortes, e muito interessantes. Essa aí e a coisa de mexer com a ordem cronológica, exposta já naqueles primeiros dois minutos de abertura. A série vai e vem no tempo – mas o roteiro é tão bem feito que o espectador acompanha tudo perfeitamente, não se perde em momento algum.

Para ir fundo nos casos, era preciso denúncia formal

Bem rapidamente, o espectador fica sabendo que a bela moça que se matou no mar se chamava Ane Uribe (o papel de Verónica Echegui). Trabalhava em uma grande indústria, numa função de considerável importância – e fotos e um vídeo dela fazendo sexo com três homens começou a ser enviada para os celulares de funcionários da empresa.

O suicídio de Ane deixa absolutamente devastada sua irmã, Begoña. Bego, que é como todos a chamam (o papel de Patricia López Arnaiz), professora de uma boa escola, é uma mulher solitária, que aparentemente teve poucos relacionamentos amorosos, e nada duradouros – e sua grande paixão, sua maior amiga, a pessoa fundamental na sua vida era exatamente a irmã. Sempre fizera tudo o que era humanamente possível para ajudar a irmã em cada pequena coisa da vida.

Dá para imaginar a angústia dessa mulher de boa alma ao saber que a irmã se matou – e, em seguida, ficar sabendo que Ane se matou depois de semanas, talvez meses de angústia por causa da invasão de sua intimidade. A angústia, a sensação de impotência, o sentimento de culpa – como foi que eu pude não perceber nada?

A investigadora Alícia Vásquez (o papel de Ana Wagener), da divisão de crimes de tecnologia da informação, se propõe a entrar nos dois casos de intimidade violada em mensagens enviadas pelos celulares, e entra em contato com Bego e com a vice-prefeita Malen.

Demonstra-se uma policial extremamente dedicada, séria, competente. Daquele tipo que parece que não vai descansar jamais enquanto não encontrar o violador, o cara que pegou as fotos e/ou vídeos e distribuiu para um grande número de pessoas.

Malen se recusa a prestar queixa contra o violador de sua intimidade. A divulgação do vídeo já havia sido um abalo violento em sua família e em sua carreira política; prestar a queixa, denunciar, isso iria manter o caso na mídia, só seria prejudicial, pensava ela.

Bego também tem muitas dúvidas sobre se apresenta queixa ou não. Ela procura Kepa (Jaime Zatarain), o cara boa gente que era o namorado de Ane nos últimos meses, para ver o que ele acha – e a princípio os dois concordam em que seria melhor não apresentar a denúncia formal.

A investigadora Alícia vai fazer todo o possível para convencer as duas, Bego e Malen, a ter coragem de denunciar – porque só com uma denúncia formal a polícia poderia ir a fundo na procura pelos violadores.

Alicia, o espectador vai ver, é lésbica. Vive um relacionamento estável com uma moça bem mais jovem do que ela, Maria (Rebeca Matellán). Maria quer porque quer fazer uma inseminação artificial e ter um filho para criar com Alícia – mas a veterana policial ainda não tem muita certeza se deseja isso.

O partido decide que a vice deve renunciar. Mas…

Malen, a vice-prefeita, e Ane, a bela trabalhadora da indústria, que tiveram suas intimidades violadas. Bego, a irmã de Ane. Alícia, a incansável investigadora que não admite deixar violador sem punição.

Quatro mulheres das seis que são as protagonistas da trama. Faltam Miren e Leire.

Miren (o papel de Emma Suárez, à direita na foto acima) é uma política veterana, experiente, safa, muitíssimo respeitada em seu partido. Foi ela que descobriu Malen e lutou por ela dentro do partido, patrocinou sua ascensão e a escolha dela como a candidata do partido a vice-prefeita.

Quando o escândalo sexual envolvendo Malen explode, ninguém no partido fica de fato ao lado da atual vice e candidata a prefeita. Há os que sempre foram contra ela, como um tal Gorka (Iñigo Aranburu), sujeitinho repulsivo. O prefeito Lezcano (Fernando Albizu) tenta demonstrar lealdade à sua vice, ainda no primeiro episódio, mas logo se verá que é coisa da boca para fora.

A única pessoa que permanece absolutamente fiel a Malen é o seu assessor direto, Hugo (Francesco Carril). Esse não dá um único passo atrás, em momento algum. Lá pelas tantas, ele faz uma boa brincadeira com a chefe em relação a Miren: pergunta se naquele momento Miren é a fada madrinha ou a bruxa do Leste – uma referência, é claro, a O Mágico de Oz.

Miren, como toda boa raposa política, varia de momento a momento. Quando percebe que tudo parece perdido para sua pupila, fica a favor do resto dos chefes do partido em Bilbao. Quando acha que os ventos podem soprar a favor de Malen – afinal, ter sido vítima de violação, de abuso, pode atrair para ela o voto feminino –, ela apóia a pupila.

Quando o primeiro dos oito episódios da série se encaminha para o fim, os líderes do partido todos, o prefeito Lezcano e Miren inclusive, anunciam que fecharam questão: Malen deverá assinar a renúncia ao cargo de vice e abrir mão da candidatura à Prefeitura. Ela deverá convocar uma entrevista coletiva e anunciar essa decisão.

A entrevista acontece na última sequência do primeiro episódio. É o final, mas só do primeiro dos oito episódios, então não chega a ser propriamente spoiler, e eu relato aqui.

Malen vai fazendo um discurso acerca dos acontecimentos, a viralização do vídeo que revela um momento de sua intimidade.

Parece que ela se encaminha para apresentar sua renúncia, conforme determinação do partido.

E aí, aos 45 minutos do segundo tempo, ela anuncia que, conforme entendimento do partido, ela continuará no cargo, e manterá sua candidatura:

– “Esta é a única resposta moralmente válida para o crime do qual fui vítima. Fiquei constrangida, mas não sinto vergonha. Deixo isso para quem usou minha intimidade para tentar me destruir.”

Um brilho de final de primeiro episódio!

Ah, sim: as autoras da série optaram por não dizer qual é o partido a que o prefeito, o traidor Gorka, Miren e Malen pertencem.

Fica muito claro, por tudo, por todas as colocações, que as autoras são mulheres de esquerda. Mas não se diz o nome do partido daqueles personagens. Vai se falar, bem mais adiante, que ali há alguma corrupção – mas, ao mesmo tempo, Malen apresenta propostas progressistas, que não agradam aos empresários. Portanto, o partido não parece ser o PP, Partido Popular, de centro-direita, odiado, demonizado pela esquerda. Pode até ser do PSOE, o Partido Socialista Operário Espanhol, quem sabe? Afinal, a corrupção é aceita também pelos bons partidos de esquerda, não é mesmo? Veja-se, por exemplo, o caso do Brasil…

É impossível o espectador não sofrer com as personagens

A bela Emma Suárez, de Julieta (2016) de Pedro Almodóvar e da série Criminal: Espanha (2019), para dar apenas dois exemplos, é provavelmente o nome mais conhecido do elenco desta série. Sua personagem, essa raposa felpuda da política Miren, me pareceu a menos bem construída, menos sólida entre as seis principais da série Intimidade.

O exato oposto da sexta das personagens centrais da trama, Leire – o papel de Yune Nogueiras (na foto acima), uma garota nascida em outubro de 1998, que estava, portanto, com 23 anos quando a série foi lançada.

Leire é mais jovem que a atriz que a interpreta – tem aí uns 17. É a filha única do casal Malen e Alfredo (Marc Martínez).

A primeira coisa que passa pela cabeça da vice-prefeita de Bilbao quando fica sabendo que sua trepada na praia com aquele garotão viralizou nas redes e virou a notícia principal da mídia da cidade é tentar proteger Leire. Falar com a filha antes que ela ouça o noticiário ou veja na internet.

Malen e Alfredo – a gente vai vendo isso – são bons pais. Não são ausentes, preocupam-se com a filha. O problema é que os filhos, em especial na adolescência, essa fase maluca, não reagem de forma automática, ou previsível, ao jeito com que a vida os trata. Claro, os pais têm que fazer todo o esforço do mundo para tentar ser perfeitos – mas, muitas vezes, os filhos de pais absolutamente dedicados, apaixonados, cuidadosos, simplesmente piram, despirocam, ensandecem. Das mais variadas maneiras. Porque não há bula para criar filhos, como repetia nossa amiga Teresa Cristina, que teve a sorte de ter uma filha que não despirocou nunca.

Leire não é uma despirocada. É uma adolescente até que bastante centrada; tem um hobby – adora esporte, é exímia mergulhadora, treina loucamente. Tem um namorado já há algum tempo, Xabi (Arnatz Puertas, colega na bela escola que frequenta – por uma dessas coincidências de que a vida é cheia, tanto na ficção quanto na real, a mesma escola em que trabalha Bego.

Pois é. Centrada, ótima em um esporte, esforçada naquilo, com namorado. Mas é fechada, trancada em si mesma; julga-se forte demais, capaz de enfrentar o que der e vier. Não se abre com ninguém, é incapaz de admitir qualquer fraqueza. Depois que se revela ao mundo que sua mãe andou trepando na praia com um garotão, o namorado Xabi casca fora, os colegas de escola se encantam em gozar a cara dela – e a adolescente que se acha forte demais e não sabe como pedir ajuda a ninguém sofre mais que escravo remador nas galés romanas.

Leire é um personagem muitíssimo bem construído – e ver aquela garota sofrer aquele tanto dói no espectador. Eu, pessoalmente, fiquei mais tocado com o sofrimento de Leira do que pelo de Malen, de Ane, de Bego. Todas aquelas mulheres sofrem o diabo com a violação de intimidades – mas, para mim, pelo menos, o que mais me comoveu foi o sofrimento dessa garotinha, dessa adolescente.

Seguramente cada espectador se apegará mais a uma dessas mulheres que sofrem tanto – mas creio que é impossível que alguém veja esta série e não compartilhe com a dor de uma delas, ou de todas elas.

Porque é isso mesmo que as realizadoras pretendem, não há dúvida alguma. O que elas querem, com essa série, é fazer a gente compreender como é doloroso ter sua intimidade exposta, violada. Como é doloroso para quem tem a intimidade exposta, e para todos ao redor dela.

Uma série que desconstrói a visão machista

Todas essas seis atrizes nos oferecem belas atuações – e, agora que elas já foram citadas, identificadas, é bom repetir a foto posada das seis, Da esquerda para a direita, são:

Patricia López Arnaiz (Begoña Uribe, a professora, irmã de Ane),

Verónica Echegui (Ane Uribe, a irmã de Begoña),

Itziar Ituño (Malen Zubiri, a vice-prefeita),

Yune Nogueiras (Leire, a filha de Malen),

Ana Wagener (Alicia Vásquez, a investigadora),

Emma Suárez (Miren, a política veterana).

São belas as atuações de todas elas, sem dúvida. Mas a que mais me impressionou foi a mais jovem, essa Yune Nogueiras.

Vejo que ela esteve em um belo filme recente, Silenciadas, no original Akelarre, a palavra basca para bode e, por extensão, Black Sabbath ou Sabbath das Bruxas, um drama inquietante, sombrio, sobre a perseguição às mulheres acusadas de serem bruxas pela Inquisição, na Idade Média.

Meu, essa menina tem tudo para vir a ser uma das maiores atrizes espanholas – e, diacho, na minha opinião o cinema espanhol é há décadas o segundo melhor do mundo, depois daquele produzido nas Ilhas Britânicas.

Mas o que mais importa é a coragem desta série Intimidad de se insurgir contra a visão machista sobre a revelação de fotos e/ou vídeos íntimos de mulheres fazendo sexo.

A visão machista, que a série mostra em vários diálogos, em várias ocasiões, poderia ser resumida assim: ué, mas se ela se dispôs a ser filmada trepando, é porque é uma puta mesmo!

Intimidad descontrói, passo a passo, essa visão calhorda.

É uma beleza de série.

Anotação em agosto de 2022

Intimidade/Intimidad

De Verónica Fernández, Laura Sarmiento Pallarés, criadoras, Espanha, 2022

Direção Jorge Torregrossa, Ben Gutteridge, Koldo Almandoz, Marta Font Pascual

Com Itziar Ituño (Malen Zubiri, a vice-prefeita),

Patricia López Arnaiz (Begoña Uribe, a professora, irmã de Ane)

Verónica Echegui (Ane Uribe, a irmã de Begoña),

Ana Wagener (Alicia Vásquez, a investigadora),

Emma Suárez (Miren, a política veterana),

Yune Nogueiras (Leire, a filha de Malen)

e Marc Martínez (Alfredo, o marido de Malen), Jaime Zatarain (Kepa, o namorado de Ane), Francesco Carril (Hugo, o assessor de Malen), César Sarachu (Juan Mari Zubiri, o pai de Malen), Iñigo Aranburu (Gorka, o adversário de Malen), Daniel Barea Cabrera (Cesar Barretxeguren, que namora Malen), Elisabeth Larena (Idoia, a mulher de Cesar), Kandido Uranga (Peio Barretxeguren, o milionário pai de Cesar), Arnatz Puertas (Xabi, o namorado de Leire), Fernando Albizu (Lezcano, o prefeito), Miren Gaztañaga (Amaia), Iraia Elias (Itxaso), Miguel Garcés (Bizen), Jon Guridi (Julen), Rebeca Matellán (María, a mulher de Alicia),

Argumento e roteiro Verónica Fernández & Laura Sarmiento Pallarés. Colaborou José Luis Martín

Fotografia Javier Agirre Erauso

Música Aitor Etxebarria

Montagem Alicia González Sahagún, Ascen Marchena

Casting Paula Cámara, Arantza Vélez

Direção de arte Jaime Anduiza

Figurinos Azegiñe Urigoitia

Produção Ane Barcena, Txintxua Films.

Cor, cerca de 400 min (6h40 min)

por Sérgio Vaz (imagem do sérgio)

Fonte: 50 anos de filmes

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