18 de maio de 2024
Cinema

A Diplomata

A foto é da cerimônia de posse, quando o cerimonial penteou e maquiou a embaixadora contra a vontade, e ela usa esse vestido que detesta, porque mandaram. Ela gosta de terninho escuro.

Pra quem não está vendo esta série na Netflix, aqui vai um resumo brevíssimo:

A protagonista é uma embaixadora, Kate Wyler, prestes a assumir um posto no Oriente Médio quando, do nada, mudam ela pro Reino Unido, porque um porta-aviões britânico foi bombardeado e todos creem que a culpa é do Irã.

Todos, menos ela, a embaixadora, mesmo que contra tudo e contra todos. Ela sabe que não foi o Irã.

Porque ela conhece o Irã, sabe tudo de Oriente Médio.

Isso é a cena 1 do episódio 1, antes dos créditos, portanto não estou dando spoiler. A primeira cena é o navio bombardeado.

A atriz é muito fofa, uma gracinha, e isso deve ajudar na aceitação da série. Sem vaidade, toda descabelada, e assim mesmo é lindinha. Não é bonita. É fofinha com cara de mal-humorada.

De cara os americanos avisam à embaixada na Inglaterra que vão mandar uma embaixadora “who needs a haircut”, e o funcionário “ai, meudeusdocéu”… Já entendendo quem será a figura.

A ação se passa no tempo de hoje, porque a guerra da Ucrânia é mencionada.

Como a roteirista conhece profundamente o mundo das relações políticas (foi a autora da série West Wing), ela vai mostrando o cenário pra gente como alguém de dentro, alguém que, por saber tudo, não precisa explicar nada.

Aquela coisa de confiar na inteligência do espectador, e a gente de fato vai aos poucos entendendo tudo, embora o seriado não perca tempo com explicações.

Os primeiros minutos são de estranhamento, a gente pensa “não tô entendendo nada”… Mas logo se entende tudo.

Kate chega acompanhada do marido, um ex-embaixador de enorme prestígio que todos querem ouvir — em vez de ouvi-la.

Só que o casal está se separando, coisa que ninguém no mundo diplomático quer que aconteça, por razões que serão reveladas no decorrer da história.

Mas são amigos, tipo aquela separação amigável entre duas pessoas que se conhecem profundamente, confiam absolutamente uma na outra e podem recorrer uma à outra em questões profissionais.

Esse ator também é lindão e charmoso, coisa que, me repetindo, ajuda a deixar a série gostosa de ver.

Convenhamos, gente bonita na TV faz bem pros olhos, e gente feia atrapalha o sucesso.

Tudo isso estou contando pra comentar um único detalhe: no terceiro episódio Bolsonaro é citado.

Citado numa cena cômica, e sem dizer o nome dele. Só “that smug Brazilian” que estava na reunião do G20.

Smug significa pretensioso, presunçoso, cheio de si, convencido. Enfim, o cara que “se acha”… Ah, pelo que li agora, a dublagem chamou de “metido”. Boa opção.

A cena é cômica porque o presidente dos EUA, idoso, de cabelos brancos, está na embaixada de Londres, conversando com a embaixadora, e pergunta se ela acha que ele é visto no mundo como frágil, por causa da idade.

Ela diz que não, que tinham conseguido tirar completamente essa imagem dele.

O problema foi aquele “smug Brazilian” que, na reunião do G20, passou o tempo todo perguntando se por acaso o presidente americano não estava precisando fazer xixi….

Como se o presidente estadunidense sofresse de incontinência urinária.

(é pouco depois dos 46 minutos)

O ator que faz o presidente no seriado não parece em nada com Biden, mas também tem cabelos brancos e é democrata.

Enfim: a série é bacana, a gente fica se sentindo “por dentro” das relações internacionais, embora a questão central seja fictícia.

Pena que são só 8 episódios. Parece que já estão fazendo a segunda temporada.

Fonte: Grupo Netflix/Facebook

O Boletim

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