Na reta final, o diabo se materializou no WhatsApp
Logo do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp (Thomas White/Reuters)
Haddad defendeu incesto em livro. Facada foi armação para esconder câncer de Bolsonaro. Frase “Jesus é travesti” gravada na camiseta de Manuela D’Ávila, bolsonaristas distribuindo grama para nordestinos. Pesquisas mostrando Haddad na liderança, ameaças de que tanto o PT quanto o PSL vão congelar a poupança. Essas e outras tantas mentiras – glamourizadas com a grafia inglesa fake news – correram e continuam frequentando as redes, ambiente em que ninguém é inocente. Nem a equipe do ex-capitão nem o PT.
Áudios e vídeos, montagens, algumas caseiras, outras não, boa parte para lá de grosseiras, dominaram a campanha de 2018. Algo que já ocorria muito antes do período eleitoral em que oficialmente seriam permitidas as incursões impulsionadas nas mídias sociais.
As equipes dos dois times que chegaram à final teceram suas teias há tempos. Burlaram a legislação no que tange à campanha antecipada e, ao que tudo indica, também ao financiamento para multiplicar suas mensagens, verdadeiras e falsas. Afinal, por maior que possa ser o engajamento espontâneo, qualquer noviço sabe que nada se faz de graça. Às vezes, até com financiamento público, como acontecia com blogueiros amigos no período áureo dos governos petistas.
Na reta final, o diabo se materializou no WhatsApp, que, de acordo com o candidato petista, teria influenciado definitivamente o resultado do primeiro turno.
Reportagem publicada na Folha de S. Paulo denunciando o uso indevido da rede pelo candidato do PSL alimentou a artilharia, com mais mentiras e tiros à culatra pelos dois lados. Bolsonaro e o seus atacaram com violência a autora Patrícia Campos Mello e o jornal, e Haddad viu na matéria a salvação contra a sua derrota anunciada.
Na Justiça, apoiadores de Bolsonaro exigem provas que os comprometam. Haddad foi mais além: pediu a prisão preventiva e a cassação do adversário. Nas redes, acusa Bolsonaro de fraudar as eleições com uma usina de mentiras financiadas por caixa dois.
Caixa dois é inadmissível. Mas é curioso ver o PT denunciar como gravíssimo algo que durante o julgamento do mensalão considerava pecado menor. Repete a tática de que um crime é fatal quando cometido pelo outro e banal nas vezes em que os seus estão na berlinda.
Fora a hipótese de que empresários pró-Bolsonaro financiaram disparo massivo de mensagens, o que é proibido pela legislação que impede a participação privada nas campanhas e, portanto, tem de ser investigada, esmiuçada e punida caso se confirme, o resto é mesmo chororô de perdedor.
Mesmo que a turma bolsonarista tenha espalhado boatos mais absurdos e em maior número, a do PT, como de costume, mentiu também. E não há lei que puna aquele que enganou mais ou menos o eleitor. Diga-se, não há lei que impeça o estelionato eleitoral, muito menos o engodo nas campanhas.
Nesse quesito, aliás, o ex-capitão é principiante perto do que o PT aprontou em campanhas anteriores e durante seus governos. As cenas de 2014, da comida sumindo dos pratos dos pobres para associar Marina Silva aos banqueiros, tornou-se um ícone da mentira eleitoral, em uma campanha que Dilma Rousseff pintou de ouro um país já mergulhado na lama.
Pela primeira vez sem dominar as redes onde já imperou absoluto, o PT, na voz de sua presidente Gleisi Hoffmann, fez a única autocrítica que o partido se permitiu até hoje: “nosso erro foi ter subestimado o WhatsApp”.
Possivelmente subestimou, sim. Mas cabresto digital só existe na cabeça de quem desconfia da capacidade dos votantes. Atribuir ao WhatsApp o resultado da eleição é, antes de tudo, um desrespeito ao eleitor. É tê-lo como idiota, incapaz de fazer suas escolhas.
Fonte: Blog do Noblat – Veja Abril
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.