26 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Radicalismo na web

Três dias atrás ocorreu algo muito desagradável comigo, que decidi compartilhar.

Há cinco anos mais ou menos, enquanto procurava alternativas para me distrair pós intervenções cirúrgicas, me deparei com um site interessante que se tornou uma diversão para mim.

Imagem: Google – TI Especialistas (meramente ilustrativa)
“Pinar”, seguir perfis de pessoas com os mesmos interesses que eu, expor experiências e compartilhar artes e “achados”. O Pinterest me conquistou de cara. Descobri por acaso, ninguém me apresentou.

Cheguei a ter mais de cem pastas de assuntos diversos que eu coletava aqui e ali, inclusive dentre os integrantes, que compartilhavam numa boa. Em pouco tempo cheguei a quase mil seguidores.

Como amo pesquisar de tudo um pouco, abri o leque para coisas que eu nem sabia que tanto me interessavam. Alguns temas consegui ampliar tanto que cheguei a ter mais de dez subpastas dentro de um mesmo assunto, como artesanato, por exemplo.
Recebia sugestões do próprio site e interagia com pessoas de todos os cantos do mundo. Me dava prazer e contentamento a cada descoberta. Eu mantinha tudo religiosamente editado e por essa razão meu perfil atraía  visitantes.
Ultimamente, acrescentei uma subpasta dentro do tema arquitetura e decoração pois passei a me interessar por portas e janelas. Descobri maravilhas.
Eu acreditava que havia generosidade entre as pessoas por permitirem segui-las e compartilhar suas preferências também.
No final da última semana, de um dia para o outro começaram a surgir sugestões de temas não condizentes com o meu perfil no meu feed.
Comecei a ocultar todos irrelevantes para mim. Atribuí a problemas do site e simplesmente saí. Visitei algumas outras vezes sem me dar conta do que havia acontecido.
Ao ler minha caixa de e-mails me deparei com uma mensagem do Pinterest me avisando que um pin da minha pasta “macramê” foi excluído por ter sido reclamado o direito autoral.
Fiquei confusa porque a maioria das fotos não têm a marca d’água. Quando a fonte é explícita, na verdade você acaba ajudando a divulgar por tabela, como é o caso de uma crocheteira francesa, Sophie Digard, cujo trabalho é espetacular e único, que nem necessita de assinatura. É só olhar para saber que é dela.
E assim é com muita gente que faz coisas maravilhosas.
Como eu poderia saber que, entre tantos pins e temas, eu salvei em minha “pasta macramê” o pin de alguém que se sentiu roubado?
Sempre tive o extremo cuidado com a questão do direito autoral, e citar a fonte de trabalhos copiados, porque antes de tudo é uma questão de honestidade, além do respeito ao autor.
Que jornalista não teve trabalho copiado? Aconteceu comigo mais de uma vez e certamente com muitos de meus colegas. A turma do “copia e cola” é maior do que se imagina.
Quando retornei ao site, já bem chateada, me dei conta de que persistiam as mesmas sugestões de temas, uma montanha de lixo, literalmente.
E cadê minhas pastas? O Pinterest só manteve meu nome, apagou tudo. Uma punição grotesca por causa de um pin de macramê sei lá de quem.
Perplexidade foi o que senti. Fiquei tão atônita que não conseguia raciocinar. Então comecei a pensar: nesse universo da web, de altíssima sacanagem, hackers malditos estão de olho na rede de informações, espionando para roubar senhas, intervir na bolsa de valores, sabotar empresas, plantar notícias por todo o mundo e eu fui denunciada por um pin! Resolvi responder.
Óbvio que o fato ficou entalado na garganta, não a reclamação de autoria em si, porque eu não tinha como saber, mas a atitude deselegante e desrespeitosa do Pinterest. Eu, que gostava tanto, fiquei  enojada.
Não sei se alguém entre os meu amigos  passou por coisa parecida, confesso que é muito chato, decepcionante.
De cabeça mais fria e decidida a eliminar meu perfil dessa rede, fui em busca de alternativas.
Descobri que há vários sites similares, como o Justapostas, Pinspire, Thinngs, Getvega, Gentlemint (para o público masculino), Stylepin (moda feminina) e outros menos relevantes.
Resumo da ópera: quando as coisas são muito legais salve no seu próprio computador, salve nas próprias pastas e se for muito grande, use um HD externo.
Não tenho tolerância para com grosserias. E quem tomou essa decisão radical nessa rede social um dia vai aprender que não é assim que se faz as coisas.
Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *