26 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Onde foi parar toda a arrogância e o azedume da oposição entre as pessoas?

                                 MERS virus, Meadle-East Respiratory Syndrome coronovirus, 3D illustration

Ideias postas e sobrepostas de uma trégua obrigatória tornaram todos comuns. Suscetíveis e paralelos a uma realidade que ninguém escolheu.
Onde estão mãe e filho que mal se viam e agora perceberam que um e outro doam sorrisos mais gentis? A casa tornou-se o melhor lugar do mundo para se estar.
Aquela janela que se abria pouco às seis horas para um fiapo de luz entrar, agora permanece esquecida ao longo do dia até a noite chegar.
A trégua obrigatória mudou o modo de viver. Ruas vazias, comércio fechado, praias desertas, vizinhos mais solidários. Jovens se preocupando com os mais velhos e estes com seus netos.
Os bichos domésticos mais felizes porque para eles os domingos serão infinitos.
Em alguns locais do planeta o mar azulou e se tornou cristalino. A mata cresceu e os pássaros cantam mais cedo. Sem os humanos se impondo em tudo a todo instante é possível restaurar o equilíbrio do meio natural.
Enquanto a batalha é travada nos hospitais, as famílias se preparam para dias sombrios.
Milhares partirão.
Os que ficarem guardarão memórias pouco felizes de suas perdas.
A sobrevivência será o único e precioso bem. Além disso só a imaginação para arrefecer tamanho isolamento.
Ninguém sairá impune dessa arrasadora e invisível maré. Todos trancados em seus lugares e em si mesmos.
Uma trégua obrigatória para pensar. Cada qual com sua dor.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *